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02/12/2014
Qual é a verdade sobre o Cardeal Murphy-O’Connor e o “TimeBergoglio”?

Qual é a verdade sobre o Cardeal Murphy-O’Connor e o “TimeBergoglio”?

02/12/2014

http://i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/02695/cardinal-cormac-mu_2695871b.jpg

Por Damian Thompson – The Spectator, 25 de novembro de 2014 | Tradução: Fabiano Rollim – Fratres in Unum.com: John Bingham, o excelente editor de assuntos religiosos de The Telegraph, há alguns dias trouxe uma história em primeira mão que só agora está sendo absorvida. Espero que ele me perdoe, mas me pergunto se teria se dado conta da importância da mesma. Assim escreveu:

       O Cardeal Cormac Murphy-O’Connor, ex-líder da Igreja Católica na Inglaterra e País de Gales, ajudou a orquestrar a campanha por trás dos bastidores que levou à eleição do Papa Francisco, assim diz uma nova biografia… [O livro,] a ser publicado no próximo mês, revela que houve uma campanha discreta, mas altamente organizada, de um grupo de cardeais europeus em apoio ao Cardeal Bergoglio.

    The Great Reformer (O Grande Reformador), do escritor católico inglês Austen Ivereigh, apelida o grupo de “TimeBergoglio” e diz que seus membros realizaram jantares particulares e outros encontros de cardeais nos dias que precederam o conclave, onde apresentaram silenciosamente sua causa.

    ‘Percebendo que era a hora, os reformadores europeus que em 2005 já haviam apoiado Bergoglio abraçaram a iniciativa’, explica Ivereigh no livro, ele que já trabalhou como secretário de imprensa do Cardeal Murphy-O’Connor.

    Ele diz que o Cardeal, então com 80 anos e sem direito a voto no conclave, uniu-se ao cardeal alemão Walter Kasper, cujo pedido controverso para que divorciados recasados pudessem ser admitidos à Comunhão foi um dos principais pontos de divisão no sínodo que o Papa Francisco realizou em Roma neste ano.

    O papel do Cardeal Murphy-O’Connor incluiu a formação de um lobby com seus colegas Norte-Americanos e o estabelecimento de uma ponte com outros cardeais de língua inglesa.

    ‘Eles tinham aprendido a lição de 2005’, explica Ivereigh. ‘Primeiro garantiram que Bergoglio concordaria. Perguntado se estava disposto, disse acreditar que neste tempo de crise para a Igreja nenhum cardeal poderia recusar se fosse solicitado’.

    ‘Murphy-O’Connor inteligentemente alertou-o para “ser cuidadoso” e disse que era a sua vez agora, tendo recebido um “capisco” — “entendo”— como resposta.

    ‘Assim partiram para o trabalho, organizando os jantares com cardeais para promoverem seu homem, argumentando que sua idade — 76 anos— não deveria mais ser considerada um obstáculo, já que papas podem renunciar. Tendo compreendido em 2005 as dinâmicas de um conclave, sabiam que votos se dirigiam àqueles que tinham uma forte presença do lado de fora’.

Todas as eleições papais são acompanhadas por tais campanhas: os amigos de Ratzinger teriam sondado discretamente apoiadores antes do conclave de 2005. Todavia, um lobby organizado do tipo que Ivereigh alega ter ocorrido é perigoso, por ser fortemente desencorajado pelas regras da Igreja. Dr. Ivereigh, como gosta de ser chamado, é amigo do Cardeal Cormac e um grande admirador do Papa Francisco. Ele também ajuda a dirigir uma ufanista companhia chamada CatholicVoices, que busca preencher o vácuo criado pelos inúteis escritórios de mídia católicos. Assim, sua ingenuidade ao recontar essa história — que pode ou não ser verdadeira — é um tanto surpreendente. O Cardeal Murphy-O’Connor respondeu ao The Telegraph com uma carta escrita por sua secretária de imprensa, Maggie Doherty, que diz:

    O Cardeal Murphy-O’Connor gostaria de desfazer qualquer desentendimento que surja do livro de Austen Ivereigh sobre o Papa Francisco. Ele gostaria de deixar claro que nenhuma aproximação ao então Cardeal Bergoglio nos dias que precederam o Conclave foi feita por ele ou, até onde sabe, por qualquer outro cardeal para buscar sua concordância em se tornar um candidato ao papado.

    O que ocorreu durante o Conclave, o qual não incluiu o Cardeal Murphy-O’Connor por já ter mais de 80 anos, é selado por segredo.

A carta é breve e cuidadosamente redigida, ainda que distintamente vaga (‘nos dias que precederam o Conclave’). E está sendo usada por alguns dos inimigos de Francisco, que dizem que qualquer conluio entre cardeais invalidaria sua eleição. Em minha opinião, uma bobagem. Mas um blog, ‘FromRome’, se dedicou bastante à história de The Telegraphe e cita as palavras severas de João Paulo II na Constituição Apostólica de 1996:

    Os Cardeais eleitores abstenham-se, além disso, de todas as formas de pactuação, convenção, promessa, ou outros compromissos de qualquer gênero, que os possam obrigar a dar ou a negar o voto a um ou a alguns. Se isto, realmente, se tivesse verificado, mesmo que fosse sob juramento, decreto que tal compromisso é nulo e inválido e que ninguém está obrigado a observá-lo; e, desde já, imponho a pena de excomunhão lataesententiae para os transgressores desta proibição. Todavia, não é meu intento proibir que, durante o período de Sé vacante, possa haver troca de ideias acerca da eleição.

    De igual modo, proíbo aos Cardeais fazerem, antes da eleição, capitulações, ou seja, tomarem compromissos de comum acordo, obrigando-se a pô-los em prática no caso de um deles vir a ser elevado ao Pontificado. Também estas promessas, se porventura fossem realmente feitas, mesmo sob juramento, declaro-as nulas e inválidas.

Não estou sugerindo que o Cardeal Murphy-O’Connor tenha violado aquela constituição. Mas poderíamos dizer que a história de Ivereigh tem tudo para gerar más interpretações.

Ainda, a história de que Murphy-O’Connor teria se “unido” ao Cardeal Kasper para garantir a eleição de Francisco será usada por católicos conservadores que ainda se perguntam por que foi permitido a uma figura tão divisora como Kasper pautar a agenda para o Sínodo sobre a Família no mês passado. Aquela agenda — que incluía a Comunhão para divorciados recasados (a causa de estimação de Kasper) e reconhecimento dos relacionamentos gays — irritou bispos conservadores africanos. Ontem, no que pareceu ser um ato de controle de danos, o Papa indicou o bastante conservador Cardeal Robert Sarah, da Guiné, para o posto de Prefeito da Congregação para o Culto Divino (leia o post do Pe. Alexander Lucie-Smith no blog Catholic Herald aqui). Agora, graças a Ivereigh, ele tem algum dano a mais para controlar.

 

Fonte:http://fratresinunum.com/2014/12/02/qual-e-a-verdade-sobre-o-cardeal-murphy-oconnor-e-o-timebergoglio/




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