Sinais do Reino


Papa Francisco
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05/03/2016
OUTRO SACRAMENTO SOB ATAQUE DE FRANCISCO, DESSA VEZ; A CONFISSÃO

OUTRO SACRAMENTO SOB ATAQUE DE FRANCISCO, DESSA VEZ; A CONFISSÃO

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ENCONTRO COM OS MISSIONÁRIOS DA MISERICÓRDIA
DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
Sala Régia
Terça-feira, 9 de Fevereiro de 2016

Queridos irmãos sacerdotes, boa tarde!

Com grande prazer me encontro convosco antes de vos entregar o mandato para serdes Missionários da Misericórdia. Este é um sinal de especial relevância porque caracteriza o Jubileu, e permite que em todas as Igrejas locais se viva o mistério insondável da misericórdia do Pai. Ser Missionário da Misericórdia é uma responsabilidade que vos é confiada, porque vos pede para ser testemunhas em primeira pessoa da proximidade de Deus e do seu modo de amar. Não é o nosso modo, sempre limitado e às vezes contraditório, mas o seu modo de amar e, o seu modo de perdoar, que é precisamente a misericórdia. Gostaria de vos oferecer algumas reflexões breves, para que o mandato que recebereis possa ser cumprido de maneira coerente e como uma ajuda concreta para as muitas pessoas que se aproximarem de vós.

Antes de tudo, desejo recordar-vos que neste ministério sois chamados a exprimir a maternidade da Igreja. A Igreja é Mãe porque gera sempre novos filhos na fé; a Igreja é Mãe porque nutre a fé; e a Igreja é Mãe inclusive porque oferece o perdão de Deus, regenerando para uma nova vida, fruto da conversão. Não podemos correr o risco de que um penitente não sinta a presença materna da Igreja que o acolhe e ama. Se faltar esta percepção, por causa da nossa rigidez, seria um dano grave em primeiro lugar para a própria fé, pois impediria que o penitente se visse inserido no Corpo de Cristo. Além disso, limitaria muito o seu sentir-se parte de uma comunidade. Ao contrário, nós somos chamados a ser expressão viva da Igreja que como mãe acolhe quem quer que se aproxime dela, sabendo que por seu intermédio somos inseridos em Cristo. Ao entrar no confessionário, recordemo-nos sempre que é Cristo que acolhe, é Cristo que ouve, é Cristo que perdoa, é Cristo que doa a paz. Somos os seus ministros; e os primeiros a ter necessidade de sermos perdoados por Ele. Portanto, seja qual for o pecado que é confessado — ou que a pessoa não ousa dizer, mas faz de modo que o entendamos, é suficiente — cada missionário está chamado a recordar a própria existência de pecador e a pôr-se humildemente como «canal» da misericórdia de Deus. E confesso-vos fraternalmente que para mim é uma fonte de alegria a recordação daquela confissão que no dia 21 de Setembro de 1953 reorientou a minha vida. O que me disse o sacerdote? Não me lembro. Só recordo que me sorriu e depois não sei o que aconteceu. Mas é acolher como pai...

Outro aspecto importante é saber observar o desejo de perdão presente no coração do penitente. É um desejo fruto da graça e da sua ação na vida das pessoas, que permite sentir a nostalgia de Deus, do seu amor e da sua casa. Não esqueçamos que no início da conversão se encontra precisamente este desejo. O coração dirige-se a Deus, reconhecendo o mal praticado, mas com a esperança de obter o perdão. E este desejo fortalece-se quando decidimos, dentro do nosso coração, mudar de vida e não voltar a pecar. É o momento em que nos confiamos à misericórdia de Deus, e temos a plena confiança de que somos compreendidos, perdoados e apoiados por Ele. Dêmos grande espaço a este desejo de Deus e do seu perdão; façamo-lo emergir como expressão verdadeira da graça do Espírito que estimula à conversão do coração. E peço-vos que compreendais não só a linguagem da palavra mas também a dos gestos. Se alguém vier ter contigo e sente que deve livrar-se de algo, mas talvez não consegue dizê-lo, mas tu percebes... e está bem, dizes assim, com o gesto de vir. Primeira condição. A segunda, está arrependido. Se alguém vier ter contigo é porque gostaria de não cair nestas situações, mas não ousa dizê-lo, tem medo de o dizer e depois não o poder fazer. Mas se não o pode fazer, ad impossibilita nemo tenetur. E o Senhor compreende essas situações, a linguagem dos gestos. Os braços abertos para entender o que há dentro daquele coração que não pode ser dito... talvez seja a vergonha... entendeis. Recebei todos com a linguagem com a qual podem falar.

Por fim, gostaria de recordar um componente sobre o qual não se fala muito mas que é determinante: a vergonha. Não é fácil pôr-se diante de outro homem, mesmo sabendo que representa Deus, e confessar o próprio pecado. Sente-se vergonha tanto pelo que se fez como por ter que o confessar. A vergonha é um sentimento íntimo que incide na vida pessoal e requer por parte do confessor uma atitude de respeito e encorajamento. Muitas vezes a vergonha faz emudecer e... o gesto, a linguagem dos gestos. Desde as primeiras páginas a Bíblia fala da vergonha. Depois do pecado de Adão e Eva, o autor sagrado escreve imediatamente: «Então, abriram-se os olhos aos dois e, reconhecendo que estavam nus, entrelaçaram folhas de figueira umas às outras e colocaram-nas como se fossem cinturões, à volta dos rins» (Gn 3, 7). A primeira reacção desta vergonha é esconder-se diante de Deus (cf. Gn 3, 8-10).

Outra passagem do Génesis que me impressiona é a narração de Noé. Todos conhecem, mas raramente recordamos o episódio no qual ele se embriagou. Noé na Bíblia é considerado um homem justo; e no entanto não é sem pecado: a sua embriaguez faz com que compreendamos quanto fosse débil, a ponto de perder a própria dignidade, facto que a Escritura exprime com a imagem da nudez. Contudo, dois dos seus filhos cobrem-no com a manta para que a sua dignidade seja protegida (cf. Gn 9, 18-23).

Este trecho faz-me dizer como é importante o nosso papel na confissão. Diante de nós apresenta-se uma pessoa «nua», uma pessoa que não sabe falar nem o que dizer, com a sua fragilidade e os seus limites, com a vergonha de ser um pecador, e muitas vezes não consegue dizê-lo. Não nos esqueçamos: diante de nós não está o pecado, mas o pecador arrependido, o pecador que gostaria de não ser assim, mas não consegue mudar. Uma pessoa que sente o desejo de ser acolhida e perdoada. Um pecador que promete já não querer afastar-se da casa do Pai e, com as poucas forças que ainda tem, quer fazer de tudo para viver como filho de Deus. Portanto, não somos chamados a julgar, com um sentimento de superioridade, como se fôssemos imunes do pecado; ao contrário, somos chamados a agir como Sem e Jafé, filhos de Noé, que pegaram num cobertor para proteger o próprio pai da vergonha. Ser confessor segundo o coração de Cristo equivale a cobrir o pecador com a manta da misericórdia, para que não se envergonhe e possa recuperar a alegria da sua dignidade filial e saber onde se encontra.

Por conseguinte, não é com a clava do juízo que conseguiremos reconduzir a ovelha perdida ao redil, mas com a santidade de vida que é princípio de renovação e reforma na Igreja. A santidade nutre-se de amor e sabe suportar sobre si o peso de quem é mais débil. Um missionário da misericórdia carrega o pecador sobre os próprios ombros, e consola-o com a força da compaixão. E o pecador que o procura, a pessoa que vem, encontra um pai. Ouvistes, também eu ouvi, tantas pessoas que dizem: «Não, nunca mais irei confessar-me, porque uma vez o sacerdote me maltratou, repreendeu-me muito», ou «o sacerdote fez-me perguntas um pouco ambíguas, de curiosidade». Por favor, este não é o bem pastor, este é o juiz que talvez pense que não tenha pecados ou é o pobre homem doente que com as perguntas fica curioso. Gosto de dizer aos confessores: se tu pensas que não gostas da confissão é melhor fazer outra coisa. Porque se pode fazer muito mal a uma alma se não for acolhida com o coração de pai, com o coração da Mãe Igreja. Há alguns meses falava com um sábio cardeal da Cúria Romana sobre as perguntas que certos sacerdotes fazem na confissão e ele disse-me: «Quando uma pessoa começa a confissão e noto que quer revelar algo, percebo logo e digo-lhe: já entendi! Fica tranquilo!». Este é um pai.

Acompanho-vos nesta aventura missionária, oferecendo-vos como exemplos de santos ministros do perdão de Deus, são Leopoldo e são Pio — ali no meio dos italianos há um capuchinho que se assemelha muito a são Leopoldo: pequenino, com a barba — juntamente com muitos outros sacerdotes que na sua vida testemunharam a misericórdia de Deus. Eles ajudar-vos-ão. Quando sentirdes o peso dos pecados a vós confessados e o limite da vossa pessoa e das vossas palavras, confiai na força da misericórdia que a todos chega como amor e que não conhece confins. E dizei como muitos santos confessores: «Senhor, eu perdoo, anota na minha conta!». E ide em frente. Que a Mãe da Misericórdia vos assista e proteja neste serviço tão precioso. Vos acompanhe a minha bênção; e vós, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado.

Fonte: Site do Vaticano


OBS: é sempre bom lembrar aos que de fato querem a salvação, que, a própria palavra confissão significa: revelar, declarar, os pecados devem ser obrigatoriamente acusados por palavras, essa proposta do Papa, torna a confissão inválida e, colocará em risco a salvação de muitas almas.


Fonte: http://romadesempre.blogspot.com.br/2016/03/outro-sacramento-sob-ataque-de.html#more

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COMO A CONFISSÃO DEVE SER FEITA

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Sacramento da Confissão

Em vista da fraqueza e inconstância da natureza, qual todos conhecemos e facilmente sentimos por experiência própria, ninguém pode ignorar de quanta necessidade é o Sacramento da Penitência.

Ao contrário do Batismo, que é administrado uma só vez, e não pode ser reiterado, a Penitência se impõe como obrigação, quantas vezes o homem caia em pecado depois do Batismo. Neste sentido, declarou o Concílio de Trento, que o Sacramento da Penitência não é menos necessário para quem tenha pecado depois do batismo, do que o Batismo para a salvação dos que ainda não foram regenerados.

Penitência sem vínculo com Deus. Algumas pessoas erram por pensar que a penitência consiste numa vida nova, julgando que a penitência não deve levar em conta a vida passada, e com isso se apartam da doutrina da fé católica.

Fala-se de penitência, quando alguém se desgosta de uma coisa que antes lhe agradava, sem atender de modo algum à sua bondade ou malícia. Assim se penitenciam todos aqueles que se entristecem segundo as máximas do mundo, e não segundo os sentimentos de Deus. Tal penitência não traz salvação, mas gera a morte (2 Cor 7,10).

Penitência por egoísmo. Outra espécie de penitência consiste em doer-se alguém de um pecado cometido, não por atenção a Deus, mas por causa de si próprio.

Penitência por amor a Deus. A verdadeira penitência consiste, não só em doer-nos  intimamente do pecado cometido, e darmos até algum sinal extremo de nossa compunção, mas também em nos afligirmos unicamente por causa de Deus.

A primeira penitência deve ser considerada pecaminosa. A segunda é um estado natural da alma, proveniente de comoção e perturbação. A terceira constitui, como dizemos, uma virtude e parte integrante do Sacramento. Esta última é a noção própria de penitência.

O arrependimento. Consiste a penitência interior em converter-nos a Deus de todo coração; em aborrecer e odiar os pecados cometidos; em firmar-nos no determinado propósito de mudar de vida e corrigir os maus costumes: mas tudo isso na esperança de conseguirmos perdão da misericórdia divina.

Entretanto, na pessoa do penitente, é necessária que a fé preceda a penitência. Sem possuir a fé, ninguém pode converter-se a Deus.

Ninguém negará que seja ato de virtude o entregar-se à penitência no tempo, modo e medida que for determinada.  Ora, é um efeito da virtude da penitência que tudo isso se faça como se deve ser.

O caráter de virtude na penitência se deduz também dos fins, que a si mesmo se propõe o pecador verdadeiramente arrependido. Seu primeiro propósito é extinguir o pecado, e purificar a alma de toda a culpa e mancha.

Em segundo é satisfazer a Deus pelos pecados cometidos. Ainda que entre Deus e os homens não pode haver estrita relação de justiça, por estarem separados por uma distância infinita, todavia existe uma espécie de justiça, semelhante a que vigora entre pai e filhos.

O terceiro é voltar o homem às boas graças de Deus, cujo ódio e inimizade havia contraído pela torpeza do pecado.
A fé nos faz tender interiormente para Deus, assim como atesta o Apóstolo: “Quem se aproxima de Deus, deve crer que Ele existe, e que é o remunerador daqueles que O procuram” (Hb 11,6).

Sobrevém, então, um sentimento de temor, pois a alma se desapega do afeto ao pecado, quando medita dos acerbos tormentos que ele lhe acarreta.

Acresce, porém, a esperança de alcançar a misericórdia divina. Reanimados por essa esperança, tomamos a resolução de emendar nossa vida e nossos costumes.

Por fim, inflama-se a caridade em nossos corações, e dela nasce aquele amor filial, dignos de filhos bons e nobres. Só com o receio de agravar em alguma coisa a majestade de Deus, largamos então definitivamente o hábito de pecar.

Devemos considerar a penitência como uma virtude toda divina e celestial, a que as Sagradas Escrituras fazem a promessa do Reino dos Céus conforme explica São Mateus: “fazei penitência, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 4,17). E o profeta Ezequiel: “ Se o ímpio fizer penitência de todos os pecados que cometeu; se guardar todos os Meus Mandamentos; se proceder com equidade e justiça: é certo que terá vida” (Ez 18,21). Noutro lugar:  Não quero a morte do pecador, mas que o pecador se converta de seu caminho, e tenha vida” (Ez 33,11).

A penitência exterior tem como motivo principal tirar-nos todas as dúvidas sobre a remissão dos pecados. Realmente, se assim não fosse, muitas dúvidas ficariam a respeito de nossa penitência interior, pois ninguém pode, fiar-se de maneira de ajuizar, pessoalmente, as suas próprias ações.

A fim de nos livrar dessa inquietação, Nosso Senhor instituiu o Sacramento da Penitência, para que tivéssemos a confiança de serem perdoados os nossos pecados, pela absolvição do sacerdote e para nossa consciência ficasse tranquila, por causa da eficácia deste Sacramento.

Depois, como ninguém pode conseguir a salvação senão por Cristo, e na virtude de Sua Paixão, era necessário um Sacramento, por cuja eficácia corresse sobre nós o Sangue de Cristo, a fim de purificar os pecados cometidos após o Batismo.

A Penitência também figura entre os Sacramentos que podem ser reiterados. Quando Pedro perguntou se podia dar o perdão de um pecado até sete vezes, Nosso Senhor lhe retorquiu: “Eu não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,22).

Toda a virtude da Penitência se resume em conciliar-nos com Deus, e unir-nos a Ele pela mais íntima amizade.

De mais a mais, não pode haver delito tão grave e abominável, que não seja apagado do Sacramento da Penitência, por sinal que não só a primeira vez, mas também a segunda e outras vezes mais. São João diz: “Se confessarmos nossos pecados, Deus é fiel e justo, para nos perdoar nossos pecados” (1 Jo 1,9).

Quando e por que não há perdão. Quando lemos, nas Escrituras, que alguns homens não conseguiram no Senhor nenhuma misericórdia, apesar de ter pedido com insistência, devemos entender que tal aconteceu, porque eles não tinham verdadeiro e sincero arrependimento ( 2 Mc 9,13; Hb 12:17).

Assim como uma moléstia é incurável, se a pessoa atacada sente horror ao remédio, que lhe pode restituir a saúde: assim também certa espécie de pecados, para os quais não se dar nenhum perdão, porque levam a repelir o remédio próprio da salvação, que é a graça de Deus (2 Pd 3,3; 1 Jo 2,7).

Partes integrantes da confissão. É próprio deste Sacramento ter também partes que constituem, a perfeita integridade da Penitência: contrição, acusação, satisfação.

Contrição. Dela formularam os Padres do Concílio de Trento a seguinte definição: “Contrição é uma dor da alma, e uma detestação do pecado cometido, com o firme propósito de não voltar a pecar”.

A contrição perfeita é um ato de caridade, nascido do amor filial. É claro, pois, que a contrição e a caridade se medem pela mesma escala. Ora, com a caridade que amamos a Deus é um amor sumamente perfeito, assim também a contrição deve envolver a mais viva dor da alma. Se devemos amar a Deus sobre todas as coisas, pela mesma razão detestar, acima de tudo o que nos traz inimizade com Deus.

Se Deus é o maior bem, entre todas as coisas a ser amadas, o pecado é o maior mal entre todas as coisas que o homem deve odiar. O amor a Deus deve antepor-se a todas as coisas, de forma que nunca será lícito pecar, nem para salvar a vida, conforme nos ensina o Senhor: , “Quem ama seu pai e sua mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim” (Mt 10,37). E noutro lugar: “Quem quiser salvar a sua vida, há de perdê-la” (MT 16,25).

O penitente deve tomar a firme e inabalável resolução de emendar sua vida. Claramente o exprimem o Profeta: “Se o ímpio fizer penitência de todos os pecados cometidos, se observar todos os Meus Mandamentos, e se proceder com equidade e justiça, terá a vida, e não morrerá. De todas as iniquidades que praticou, nem guardarei lembrança” (Ez 18;21). A mesma ordem deu Cristo Nosso Senhor à mulher  apanhada em adultério: “Vai e não tornes a pecar” (Jo 8,11).

A natureza da coisa e a própria razão nos mostram claramente que, para a contrição, são necessárias duas condições: dor pelo pecado cometido, e previdente resolução de não voltar a cometê-lo.

Por conseguinte, se o penitente tirou alguma coisa de seu próximo, por violência ou por fraude, está obrigado a restituir. Da mesma forma , deve dar satisfação, mediante qualquer serviço ou benefício, quem lesou a fama ou a vida de outrem, por atos e palavras.

É requisito essencial para a boa contrição que não haja menos cuidados e diligência e perdoarmos, plenamente todas as afrontas recebidas como disse Nosso Senhor: “ Se vós perdoardes aos homens as suas ofensas, também o Vosso Pai Celeste vos perdoará os vossos pecados, mas, se não perdoardes aos homens, o Vosso Pai também não vos perdoará os vossos pecados” (Mt 6,14; Mc 11,26).

Por isso é necessário exortá-los de que examinem amiúde a própria consciência, vendo se observaram os Mandamentos de Deus e da Igreja.

Confissão ou acusação. Com efeito, a fé católica nos propõe um ponto de doutrina, que todos devem aceitar e professar como dogma: Quando alguém confessa, sinceramente, seus pecados ao sacerdote, estando arrependido de os haver cometido, tendo mesmo o propósito de não tornar a cometê-los, todos os seus pecados são plenamente perdoados.

Se eliminarmos da vida cristã a Confissão Sacramental, é certo que em toda parte se insinuarão crimes ocultos e nefandos; depois, os homens não terão vergonha de cometer, publicamente, outros crimes mais graves ainda, uma vez que se depravaram com o hábito de pecar. O pudor natural de se confessar impõe uma espécie de freio à desenvoltura do pecado, e reprime os maus sentimentos do coração.

É necessário que os católicos saibam que este Sacramento foi instituído como efeito da infinita bondade e misericórdia de Cristo Nosso Senhor. Pois, estando os apóstolos reunidos no mesmo lugar, Cristo bafejou-os com seu hálito, e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,22).

Desde que Nosso Senhor conferiu aos sacerdotes o poder de reterem e perdoarem os pecados, torna-se evidente que também os instituiu juízes dessa matéria. O Santo Concílio de Trento ponderou que não se deve julgar nenhum processo, nem moderar a justiça na aplicação de penas aos delitos, sem que haja pleno e absoluto conhecimento de causa. Donde se deduz logicamente que, pela confissão dos penitentes, todos os pecados devem ser discriminados um por um aos sacerdotes.

Não pense alguém que Nosso Senhor instituiu a Confissão, mas sem determinar que fosse de uso obrigatório. Toda pessoa, onerada de culpa grave, não pode reintegrar-se na vida sobrenatural, senão pelo Sacramento da Confissão.

Disso temos um sinal evidente na belíssima metáfora usada por Nosso Senhor, quando Ele deu nome de chave dos céus ao poder de administrar esse Sacramento (Mt 16,19). Como ninguém pode entrar num recinto fechado, sem a intervenção de quem guarde as chaves.

Pelo teor do cânon do Concílio de Latrão que começa pelas palavras – “Todos os fiéis de ambos os sexos” – vemos claramente que alguém está obrigado pelo preceito da Confissão, antes da idade que tenha alcançado o uso da razão. Essa idade não é determinada por certo número de anos. Não obstante, podemos dar como norma geral que a criança fica obrigada a confessar-se, desde a época em que saiba distinguir entre o bem e o mal, e que possa ter malícia em seu coração.

Temos também que confessar nossas faltas veniais, que não nos privam da amizade com Deus, e nas quais caímos com mais frequência. Isto traz muito proveito, conforme mostra a experiência de pessoas piedosas. Todavia não há nenhum pecado em omitir-se as faltas veniais, porque há muitos outros meios de repará-las.

Quanto aos pecados mortais (contra os Dez Mandamentos ou Decálogo), como já dissemos, é preciso enumerá-los todos , por mais ocultos e encobertos que sejam, e talvez só pertençam aos pecados proibidos pelos dois últimos preceitos do Decálogo (no marcador; Catequese, deste blog, tem todos os Dez Mandamentos). Muitas vezes esses pecados ferem mais profundamente a alma, do que os pecados que os homens costumam cometer de maneira pública e manifesta.

Para arrancar as raízes do pecado, é necessário indicar, na acusação não só as faltas graves como tais, mas também todas as circunstâncias que, de modo notável, lhes aumentam ou diminuam a malícia. Algumas circunstâncias são tão graves, que só por elas já consta espécie de pecado mortal.

OBS: A pessoa não tira nenhum proveito da confissão, e até cometeria outro pecado pior ainda (Sacrilégio), se deliberadamente omitisse uma parte daquilo que devia acusar, e só declarasse outra parte.

Nessas condições, a enumeração dos pecados nem merece o nome de Confissão sacramental. O penitente deve, pelo contrário, fazer nova confissão, e acusar-se a si mesmo de  profanado a santidade do Sacramento em uma Confissão simulada.

Porém, se o penitente esqueceu alguns pecados depois de revisar a consciência e ter a intenção de confessar: nesse caso, se vier a se lembrar, basta confessar ao sacerdote em outra ocasião.

Muito para louvar são os fiéis que, na exposição de seus pecados, dão prova de discrição e reverência. Pois não devemos demasiar-nos nas palavras, mas com modesta brevidade dizer somente o que for necessário, para declarar a natureza e as circunstâncias de cada pecado.

O sacerdote conserva secreta as palavras ditas na Confissão. Esta também é a razão por que a ninguém se permite confessar, por intermédio de outra pessoa, ou por correspondência.

Devem os católicos empenhar-se, acima de tudo, em purificar a alma, pela frequente confissão. Em vistas dos perigos que ameaçam a vida, nada pode ser mais salutar para quem tem culpa grave na consciência.

Como é natural, todo homem sente o mais vivo desejo de que seus pecados e fraquezas e permaneçam ocultos. Por isso deve saber que os sacerdotes guardam o mais absoluto e perpétuo silêncio acerca de todos os pecados, que alguém tenha confessado. Nesse sentido, lemos uma determinação do Concílio de Latrão: “Tome o sacerdote todas as precauções, para não trair o pecador em nenhuma circunstância, nem por palavras, nem por sinais, nem de outra maneira qualquer”.

A satisfação. A satisfação é o pagamento integral de uma coisa devida. Quando, por exemplo, nos referimos a uma reconciliação, significa o mesmo que prestar a outrem para desagravar da injúria a pessoa indignada.

A primeira espécie de satisfação, e a mais nobre de todas, resgata, plenamente, o que devemos pela gravidade dos nossos pecados, ainda que Deus quisesse tratar-nos, com rigor e justiça. Nessas condições estava aquela que aplacou a ira de Deus, e no-l’O tornou propício; devemo-la unicamente a Cristo, que na Cruz pagou o resgate pelos nossos pecados, e assim prestou a Deus a mais perfeita satisfação.

Outra espécie de satisfação é a canônica. Na Igreja primitiva vigorava o costume de impor alguma pena aos pecadores absolvidos.

Pode-se fazer também qualquer espécie de penitência, que escolhemos e cumprimos voluntariamente, sem ser prescrita pelo sacerdote.

Todo pecado acarreta duas consequências: culpa e castigo. Ainda que, pela extinção da culpa, seja também perdoado o suplício da morte eterna no inferno, Nosso Senhor nem sempre perdoa os remanescentes dos pecados e a pena temporal que lhes é devida.

Vemos isso na pessoa de Davi. Natã lhe havia assegurado: “O Senhor também te perdoou o pecado, e não morrerás” (2 Sam 12,13). Davi submeteu-se às mais duras penitências e implorava dia e noite a misericórdia do Senhor (Sl 50 4,5). Não obstante o fervor de suas preces, foi todavia punido com a morte do filho que tivera do adultério, com a morte de Absalão, a quem amava com particular carinho; com outros castigos e flagelos, que já antes lhe haviam sido cominados.

Caso semelhante no Êxodo. Muito embora o Senhor, acalmado pelas súplicas de Moisés, perdoasse ao povo que caíra em idolatria, contudo ameaçou que, com graves castigo, iria punir tão grande crime (Ex 32 14,34).

A razão por que a pena não é de toda perdoada no Sacramento da Penitência é para evitar que, na primeira ocasião, tenhamos os pecados por muitos leves,e, com atrevida afronta ao Espírito Santo, caiamos em outros mais graves, cumulando sobre nós ira para o dia da ira (Rm 2,5; Tg 5,3). Sem dúvida alguma, as penas satisfatórias são de grande eficácia para apartar do pecado; reprimem à semelhança de freios, e tornam os  penitentes mais precavidos e vigilantes para o futuro.

Pela satisfação das penas, conseguimos também reproduzir, em nós mesmos a imagem e semelhança de Cristo, nossa Cabeça, que como tal padeceu, e foi tentado.

Ensina São Bernardo que no pecado aparecem dois efeitos: conspurcação e ferimento da alma. A conspurcação é tirada pela misericórdia de Deus; mas, para curar os ferimentos do pecado, é muito necessária a medicação, que se faz com o remédio da Penitência.

Pois, curada que for uma ferida, restam ainda certas cicatrizes que é preciso pensar. Assim também, perdoada a culpa, ficam na alma uns resíduos que exigem purificação.

As satisfações escolhidas pelo homem se reduzem a três classes principais: oração, jejum e esmola. Correspondem a três ordens de Bens, que todos recebemos de Deus: bens da alma, bens do corpo, e bens de fortuna. Pela oração aplacamos a Deus; pela esmola, damos satisfação ao próximo; pelo jejum, infligimos castigos em nós mesmos.

Catecismo Romano. II Parte - V Penitência

Fonte:http://romadesempre.blogspot.com.br/2013/02/sacramento-da-confissao.html




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