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Papa Francisco
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02/02/2016
Por que a demora da data do encontro entre o Papa e Macri intrigou os argentinos.
Por que a demora da data do encontro entre o Papa e Macri intrigou os argentinos.
O encontro será no dia 27 de fevereiro. Entenda aqui por que a demora deste encontro deixou os argentinos intrigados.
Buenos Aires, 01 de fevereiro de 2016
Ricardo Roa
O que o país sentiu é fácil de descrever. O Papa Francisco fez muitos gestos em direção ao kirchnerismo, que o maltratou quando ele era o padre Jorge Bergoglio, cardeal de Buenos Aires.
Mas o Papa não deu nem sequer um telefonema a Macri quando ele ganhou as eleições em novembro.
O Papa sempre busca o contato, o laço direto.
Ele não parou de falar desde que se tornou Francisco, mas com Macri ele se manteve distante: não pronunciou nem uma palavra sobre o novo presidente da Argentina.
Usou o protocolo como desculpa: um pontífice não liga para um presidente para felicitá-lo.
Justo ele, que é muitas coisas, mas não é um Papa protocolar, e que liga e manda cartas para um monte de gente.
O silêncio do Papa não protocolar que virou protocolar provocou um ruído impossível de dissimular.
O Papa peronista* conversou muito com a ex-presidente Cristina Kirchner, que o desprezava quando ele era cardeal. E não falou com Macri.
É difícil encontrar uma explicação.
Uma delas, do lado de Cristina, será pelo que o kirchnerismo parou de fazer: parou de acusar o Papa de reacionário e de ter entregado dois padres jesuítas aos militares, na ditadura argentina. Até eliminaram arquivos onde se diziam essas coisas.
Dizem que o Papa agora dá valor a duas coisas de Cristina: que ela tenha deixado o poder sem imunidade parlamentar e que tenha demitido o espião Jaime Stiusso*.
Interessante: Stiusso espiava o Papa quando ele era o cardeal Bergoglio e fazia isso por ordem dos Kirchner.
Do lado de Macri, outra explicação: o Papa queria que Scioli, o candidato de Cristina, fosse presidente.
Nota-se que o Papa às vezes trata Macri com um preconceito: um homem rico que montou um gabinete de gerentes, que outro preconceito amplo considera como pessoas sem sensibilidade pelos pobres e muita sensibilidade pelos negócios. Como peronista, é provável que o Papa os comparta.
É também interessante que o Papa tenha evitado receber o presidente Macri com argumentos de agenda.
Há poucos dias, ele teve tempo para receber Alberto II, príncipe de Mônaco, que com seus 2 km quadrados é o segundo menor Estado do mundo, depois do Vaticano, e que se destaca por três coisas: ser um paraíso financeiro e fiscal e ter muito jogo e muitos ricos.
A mensagem pública do Papa a Macri foi que não se esquecesse dos pobres.
A mensagem privada: que não o procurasse por meio da diplomacia profissional.
A canonização do padre argentino Brochero serviu a Macri para sintonizar as comunicações.
Na terça-feira (26 de janeiro) o presidente teve uma reunião com o cardeal de Buenos Aires, o bispo Poli, e dois dias depois apareceu o anúncio do encontro entre o Papa e Macri.
* Notas da editoria do Clarín em Português:
Peronista é aquele que é´seguidor do peronismo, movimento político fundado pelo ex-presidente Juan Domingo Perón (1895-1974).
Jaime Stiuso, foi ligado aos Kirchner e acusado de envolvimento na misteriosa morte do promotor de Justiça Nisman, em janeiro de 2014.
Fonte:http://www.clarin.com/br/Milagre-futuro-argentino-Macri-Vaticano_0_1514848696.html
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