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19/08/2019
Crise na Igreja: a pior da História? – parte I e II

Crise na Igreja: a pior da História? – parte I

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NO ÚLTIMO DIA 13 deste mês de agosto (2019), portanto anteontem, um homem entrou na igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Macaé, RJ, e, sacando de uma marreta que levava em uma mochila, com ódio incontido passou a arrebentar o santo Altar, o ambão da Palavra e todo o presbitério daquele templo sagrado[1].

Alguns dias antes, ele já tinha entrado na mesma igreja, durante a celebração da santa Missa, e provocado uma grande arruaça, aos berros. Na ocasião, alguns homens presentes conseguiram contê-lo e retirá-lo do local.

Quase sempre, em casos desse tipo, diz-se que o agressor tem problemas mentais, que não sabia o que estava fazendo, que não é responsável pelos próprios atos. Porém, basta uma pesquisa atenta para se notar que, na maioria das vezes, essa alegação não corresponde à realidade. Tal não se aplica à pessoa envolvida no caso em questão: não satisfeito, o mesmo homem retornou àquela igreja para promover o quebra-quebra geral. E mais uma vez, graças a Deus, alguns homens presentes à igreja conseguiram contê-lo, já que nessa ocasião se comportasse com violência maior e física, além do crime de destruição de patrimônio que cometia, comportando-se como uma fera selvagem. Precisaram imobilizá-lo e mesmo amarrá-lo até que a polícia chegasse, efetivando posteriormente um boletim de ocorrência.

A pergunta que o católico comum se faz, posto diante de uma notícia como esta, é geralmente a seguinte: “O que poderia levar um ser humano a se comportar de tal maneira? O que leva uma pessoa racional a invadir uma igreja, que não lhe representa absolutamente nenhuma ameaça, para depredá-la?”. Mas o fato é que esse caso está muito, realmente muitíssimo distante de representar um evento isolado. Trata-se de apenas mais um entre milhares de outros semelhantes que vêm ocorrendo nos últimos tempos (sim, isso mesmo, literalmente), muitos dos quais bem mais graves.

No dia 15 de julho último, a Capela Nossa Senhora do Rosário e Santo Antônio Galvão, de Guapimirim, também no Estado do Rio, foi vítima de arrombamento e vandalismo. Lá, o Sacrário foi violado, Hóstias Consagradas foram espalhadas pelo chão e pisoteadas. Objetos foram destruídos. O Bispo da Diocese de Petrópolis, Dom Gregório Paixão, OSB, acertadamente ordenou ao administrador paroquial, o padre Marllon Eduard Gonçalves, que tomasse todas as providências para a reparação do desagravo a Nosso Senhor[2].

O descrito acima ocorreu poucos dias antes de a igreja de São Bartolomeu, em Madri (Espanha) ter sido profanada, por assaltantes que forçaram o Sacrário e espalharam as Partículas Sagradas pelo chão do templo. Tal aconteceu na segunda-feira do dia 9 de julho. O Arcebispo local, Cardeal Carlos Osoro, declarou então que presidiria um ato de reparação[3].

Dois dias depois do primeiro caso aqui apresentado, na madrugada da terça-feira, 17 de julho, desconhecidos invadiram a Catedral de Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio, em Campo Grande (MS) e profanaram o Sacrário, que foi lançado ao chão com as Hóstias Consagradas.

O pároco, Padre Odair Costa, deparou-se com o Sacrário destruído e as Hóstias e Cálices espalhados pelo solo: “Imagine se um ladrão invadisse sua casa e mexesse nas suas coisas – mas também agredisse a sua mãe e você não pudesse fazer nada? Este é o sentimento. É o que há de mais sagrado, o que é intocável. Podiam roubar a igreja inteira, mas mexeram no que há de mais sagrado”, lamentou o sacerdote em declarações ao “Correio do Estado”[4].

Nesse caso, nada foi levado. Aparentemente, a única intenção dos invasores era a profanação.

Na Argentina, na madrugada da quarta-feira, dia 20 de junho, um anônimo invadiu a igreja da paróquia Cristo Rei, da Diocese de Villa Maria, roubou e profanou o Sacrário, atirando as Hóstias à via pública, onde ficaram espalhadas[5].

Em Coimbra, Portugal, a igreja de São Tiago, que é um espaço de adoração eucarística, foi invadida, e um Ostensório com Jesus Sacramentado exposto foi levado pelos malfeitores.

O padre Orlando Henriques, ao tomar conhecimento do ocorrido, recordou as palavras de Jesus à Venerável Madre Maria do Lado, fundadora das Clarissas do Desagravo. Contou o sacerdote:

Na noite de 15 para 16 de janeiro de 1630 também houve uma profanação do Santíssimo Sacramento na igreja de Santa Engrácia, em Lisboa; lá longe, no Louriçal, Maria estava em oração àquela hora e ouviu Jesus dizer-lhe: ‘Minha filha, compadece-te de Mim, que, neste momento, sou crucificado em Portugal’.[6]

Há cerca de três anos, a Capela São Judas de São Gonçalo do Amarante, em Natal, RN, foi invadida por criminosos que destruíram o interior do templo, recolheram suas imagens sacras e as colocaram sobre o Altar, e logo depois lhes atearam fogo[7].


* * *

Apenas na França, atualmente, em média duas igrejas são profanadas todos os dias. Segundo o noticioso alemão PI-News, 1.063 ataques a igrejas e/ou profanações de símbolos cristãos (crucifixos, ícones, imagens, estátuas) foram registrados na França em 2018 (o leitor não leu errado, são 1.063 ataques e profanações totalmente gratuitos a igrejas somente na França, no prazo de um ano). Isso representa um salto de 17% em relação ao ano anterior (2017), quando foram registrados 878 ataques, o que já representa um tremendo absurdo — o que demonstra que esses ataques estão piorando ainda mais[8]!

Quase ninguém escreve ou fala sobre os crescentes ataques a símbolos cristãos. Há um silêncio eloquente, tanto na França quanto na Alemanha, em relação ao escândalo das profanações e à origem dos perpetradores. Nem uma palavra, nem mesmo o menor indício que de alguma maneira pudesse levar à suspeita sobre os imigrantes [islâmicos]... Não são os criminosos que correm o risco de serem mal vistos, e sim aqueles que ousarem associar a profanação dos símbolos cristãos à chegada dos imigrantes. Os que denunciam é que são acusados de 'ódio', 'discurso de incitamento ao ódio' e 'racismo'.
(PI News, 24 de março de 2019)[9]

Segundo portais internacionais, "vândalos(?) estão profanando, defecando e incendiando igrejas por toda a Europa Ocidental"[10]. Somente nos meses de fevereiro e março/2019, das muitas profanações ocorridas em igrejas na França, ocorrências em quatro templos foram registradas pela mídia local, sendo que algumas sofreram ataques seguidos no mesmo período.

No início do ano 2019, várias igrejas em toda a França foram atacadas de modo violento; foram 12 ataques e profanações de diversas magnitudes num intervalo de 7 dias do mês de março[11].

• Um dos mais perigosos desses ataques foi o incêndio da histórica igreja de Saint-Sulpice, ocorrido no domingo de 17 de março, pouco depois da celebração da Missa das 12h, com o templo, felizmente, praticamente vazio. Segundo informa o jornal espanhol "ABC", o sacerdote dessa paróquia viu um indivíduo que ateava fogo em madeiras ao redor da igreja.

• Aconteceram outros ataques gravíssimos na cidade de Nimes, onde vândalos emplastaram uma cruz com excrementos humanos na igreja de Notre-Dame des Enfants, e também saquearam os paramentos do Altar principal, destruíram o Sacrário e roubaram as Hóstias consagradas, que foram depois encontradas no lixo.

• No leste da França, na cidade de Dijon, a igreja de Notre-Dame foi profanada e saqueada. As Hóstias consagradas foram jogadas ao chão e pisoteadas.

• No norte do mesmo país, na cidade de Lavaus, jovens atacaram a igreja do povoado e torceram o braço de um Cristo para que a imagem sacra fizesse um gesto obsceno.

• Na periferia de Paris também foram realizados ataques a várias igrejas.

• Na Alemanha, relatos da mídia local mostram que os ataques às igrejas são uma dura realidade enfrentada pelos cristãos germânicos. Quatro igrejas foram profanadas e/ou incendiadas no país, somente no mês de março/2019.

Há uma guerra gradual e constante contra tudo o que simboliza o cristianismo: ataques a cruzes no alto das montanhas, a estátuas sagradas na beira das estradas, a igrejas e, ultimamente, também a cemitérios, relatou a reportagem do PI News, que caracterizou os cenários deixados pela maioria dos vândalos durante os ataques: "Cruzes são quebradas, Altares destruídos, Evangeliários e Bíblias incendiados, pias batismais derrubadas e as portas das igrejas pichadas com expressões islâmicas do tipo 'Allahu Akbar'"[12].


* * *

Interrompemos por aqui nossa já longa e apavorante lista de citações de atrocidades contra a nossa Fé. Ocorrem aos milhares por todo o mundo. Em alguns casos, aqui mesmo no Brasil, Nosso Senhor Sacramentado foi atirado a rios e represas. Em outros, também por aqui, igrejas foram incendiadas. O caso da Europa, como acabamos de ver, é catastrófico. Enquanto as emissoras de TV se esmeram em retratar os imigrantes islâmicos como pobres vítimas muito pacíficas que só querem ser acolhidas – com a exibição de abundantes close-ups em rostinhos de crianças inocentes – o Islã segue acelerado no seu processo de invasão do Velho Continente.

Não, não estamos diante da primeira grande crise na história da Igreja, é claro. As perseguições e o sofrimento vêm acompanhando a própria existência da Igreja, intercalados com fases mais ou menos longas de tolerância.

Fato é que a luta do bem contra o mal transcende o tempo do mundo, tal como o conhecemos. Por aqui, começou com a tentação sobre Eva e se manifestou com clareza no dia em que Caim se levantou contra seu irmão Abel, que era inocente e devoto, e o matou. Mas do ponto de vista espiritual, a grande tragédia cósmica é anterior aos eventos do Jardim do Éden, remontando ao tempo em que o orgulho de Satanás o fez desejar ser igual a Deus.

Todavia, o que vem acontecendo é fato inédito na história mundial recente. Mais do que isso, os nossos dias têm algo de inédito, de coisa nunca vista. A batalha histórica entre o bem e o mal transcende as nossas capacidades e prossegue incessantemente, mas a crise que agora nos assola tem agravantes muito próprios. Os casos que citamos no início, e que são apenas parcos exemplos do que vem acontecendo, representam claras evidências de que o diabo verdadeiramente está solto. E furioso. O ódio dos inimigos de Deus e da Igreja nunca foi tão explícito e nem tão intenso, mas... Isso ainda não é o pior.

O pior é o que foi visto e predito por São Pio X, um movimento contra o qual ele lutou bravamente, mas em vão – porque ele já era boicotado dentro da Igreja naquela época. Um movimento que se insinuava já na virada do século retrasado, não vindo de fora, não partindo dos inimigos declarados, mas que acontecia e crescia dentro do próprio Corpo Místico, qual vírus infeccioso:

O que exige que falemos sem demora é, antes de tudo, que os promotores do erro já não devem ser procurados entre os inimigos declarados da Igreja; mas, o que é para deplorar e muito temer, se ocultam no seu próprio seio, tornando-se assim tanto mais nocivos quanto menos percebidos.
(S. Pio X, Encíclica Pascendi Dominici Gregis, 8/9/1907)

O problema maior é exatamente este: o inimigo já não está mais do lado de fora, e já não é mais claramente detectável ou reconhecível para a maior parte dos fiéis católicos. Não se trata de uma guerra entre forças que se reconhecem e se digladiam, como em outros tempos mais simples, quando éramos perseguidos pelos judeus, ou pelo Império Romano, ou depois, pelos revolucionários franceses. Não. Agora, além dos exércitos inimigos que aumentam, crescem em poder numérico e de fogo, e que já nos cercam irremediavelmente, temos uma multidão de agentes desse mesmo inimigo que está também e mais perigosamente dentro da nossa própria Casa; o inimigo invadiu o Forte que deveria ser impenetrável; e é tanto mais perigoso porque se parece com um de nós, veste-se como um de nós, fala como um de nós. Esse inimigo íntimo odeia a Deus e nos odeia com todas as forças do seu ser, e vai aproveitar a primeira oportunidade que tiver para nos exterminar – a nós, a nossos irmãos, nossos filhos e nossas famílias – de maneira cruenta, sem nenhum vestígio de piedade.

[2] Idem, em:
 
 
[5] Assoc. Devotos de Fátima, em:
http://www.adf.org.br/home/sacrario-profanado/
 
[6]  ACI Digital, em:
 
 
 
[11] A relação com as respectivas informações dos ataques a partir deste ponto consta do portal 'Guia-me', traduzidos da agência 'PI News', em:
https://guiame.com.br/gospel/noticias/franca-teve-mais-de-1000-ataques-igrejas-e-simbolos-cristaos-em-apenas-um-ano.html


[12] Idem.

 

Fonte: https://www.ofielcatolico.com.br/2019/08/crise-na-igreja-pior-da-historia-parte-i.html

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Crise na Igreja: a pior da História? – parte II

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EM NOSSOS TEMPOS, quase que diariamente trágicas notícias nos têm chegado. São terríveis e incessantes novidades sobre escândalos na Igreja – que impiedosa e incessantemente atacam e vão minando a fé, a moral e o modo de crer e de viver dos católicos.

• São padres e bispos que rezam diante de imagens de ídolos;

• É o Papa tratando o heresiarca e apóstata Lutero como uma espécie de herói da fé (retratado pelo próprio Vaticano em selo comemorativo como legítimo sucessor dos Apóstolos!) e, não contente com isso, pedindo perdão aos protestantes, em nome da Igreja Católica, pela suposta "intolerância" do passado (saiba mais);

• É o mesmo Papa que não se ajoelha diante do Santíssimo Sacramento do Altar, mas que se ajoelha e rasteja, de quatro, diante de políticos africanos, enquanto lhes beija os sapatos, numa cena a um só tempo bizarra e aterradora para os corações genuinamente católicos (assista);

• São párocos que retiram de suas igrejas as imagens sacras – especialmente as de Nossa Senhora – para a realização de cultos "ecumênicos", com receito de "ofender" àqueles que desprezam a Mãe de Deus, ao mesmo tempo em que não se preocupam minimamente em ofender aos fiéis católicos que querem ser santos, ao transformar o Santo Sacrifício da Missa em pantomina ou cópia mal feita de algum espetáculo circense;

• São escândalos envolvendo homossexualismo no clero – que se configura também na principal causa dos escândalos de pedofilia. Homossexualismo que já é amplamente defendido até por bispos como "um bem" ou mesmo como "um dom de Deus" (saiba mais);

• É o trevoso prenúncio de um novo Sínodo que (a pedido do Papa!) já reúne "pais de santo", feiticeiros, espiritas e protestantes;

• Etc., etc., etc...

Que a Igreja de hoje passa por uma crise gravíssima e profunda, disso não há mais quem duvide, nem os mais corajosos dentre os chamados "isentões" e nem mesmo a "tropa de choque" que sempre corre a defender Francisco nas redes sociais, com uma multidão de entendidos muito aptos e eternamente dispostos a explicar "o que o Papa quis dizer foi...".

Dessa crise não escapou nem mesmo a Igreja espanhola, outrora fidelíssima, que em 1936 nos brindara com maravilhosa demonstração do vigor de sua fé em milhares de martírios. O que a estatística nos apresenta sobre a situação atual da Igreja (e da prática do catolicismo) na Espanha espelha a situação geral da nossa civilização ocidental ex-católica: contemplemos o triste cenário de uma nação que já foi modelar na Fé e cujo percentual de católicos era de 95% em 1960 (antes do Vaticano II), e que foi reduzido para apenas 18,5% que vão regularmente à Missa em 2006, segundo estudo do Centro de Investigações Sociológicas[3], apenas quarenta anos após o Concílio! De modo mais ou menos semelhante ocorreu no resto do mundo, com variações.

Em toda a parte vê-se a Igreja, assim como o Senhor Jesus, crucificada. E parece agonizar. E quais são os piores algozes atuais do Corpo Místico de Cristo, a Igreja, que impiedosamente a castigam e flagelam, rindo-se enquanto ela se contorce em dolorosa agonia? Na primeira parte deste artigo vimos o quanto andam furiosos e audaciosos os nossos inimigos externos. Mas onde se encontram estes? Já não nos atiram às feras em arenas, nem nos enviam aos gulags, campos de concentração ou paredões de fuzilamento. Estão agora espalhados por toda parte e promovem principalmente um tipo de perseguição diferente. Dominaram especialmente os meios de comunicação (cite o leitor ao menos uma novela global atual que não promova alguma pauta anticristã), a política e –, talvez o mais grave –, as escolas e universidades, mesmo as ditas "católicas".

Todavia o maior perigo da atual crise ainda não está na ação dos inimigos externos da Igreja. Toda a História, desde o império romano às ditaduras comunistas, prova que vivemos agora um tempo inédito, tanto diverso quanto mais grave e mais perigoso para as almas. Porque as perseguições externas sempre foram claras, abertas, e neste sentido mais honestas, já que se distinguiam nitidamente os perseguidores dos perseguidos. E sempre nessas ocasiões a Igreja, quanto mais perseguida, mais se fortalecia. "Semen est sanguis christianorum", dirá Tertuliano, isto é: o sangue dos mártires é semente de novos cristãos. Hoje, porém os cristãos vêm sendo crucificados de um modo diferente, em certo sentido ainda mais cruel que o daquele dos antigos romanos. Crucificam-se as vocações, o puro desejo de ser santo, a inocência dos recém-convertidos. E quem os crucifica são os inimigos internos, os piores, como já alertava o Santo Padre S. Pio X, na Encíclica Pascendi Dominici Gregis (vide a primeira parte deste artigo).

A crise de hoje é tão real quanto é duramente sentida por uma multidão de católicos devotos que já não se vê representada nem mesmo nas celebrações da Santa Missa (assistir à Missa, ou à caricatura que dela se faz em milhares das nossas paróquias, e cumprir o preceito dominical, para muitos tornou-se um castigo, uma dor, uma pena), e é tão profunda e tão grave quanto é a sua causa, pois o efeito é sempre proporcional à causa. Já há décadas desde antes do Concílio Vaticano II (CVII), havia um movimento insidioso que procurava, por toda força, introduzir o modernismo na Igreja, a partir de dentro. Há muitas tentativas de o explicar, e muitos consideram mesmo o CVII como a sua grande vitória. É um fato inegável que o Concílio, através de um linguajar "pastoral", introduziu tão profundas mudanças na Igreja que a deformou quase que por completo; A partir daí, conforme registram e demonstram as estatísticas, verificou-se um declínio acentuado da Religião católica em todo o mundo. Queda nas vocações, nas comunhões, nas confissões, abandono das igrejas... a exemplo do que houve na Espanha. E consequente degradação moral, descambando para os funestas consequências que nos assolam hoje, com a promiscuidade, o adultério, o homossexualismo em suas mais bizarras variações, o igualitarismo posto como verdade inatacável, a demolição da família dita "tradicional", etc., etc.

Difícil negar que o Concílio Vaticano II esteja na raiz dessa crise tremenda, mesmo que não tenha sido sua causa única ou primária. Sem dúvida, “o Vaticano II introduziu na Igreja o método e a doutrina do modernismo, que havia sido condenado pelo Papa S. Pio X, em 1907”, como disse Jean Guitton[2].

Como pôde o modernismo ter causado crise tão profunda e devastadora? Isso aconteceu porque o "vírus" da heresia mesma do modernismo – que, segundo S. Pio X, reúne em si todas as heresias – quis adaptar ou conformar a Verdade e santidade da Igreja, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, às falsidades e vaidades do mundo moderno. Quis fazer da Igreja uma amiga do mundo. Incrivelmente, nossos pastores esqueceram-se da claríssima advertência do Apóstolo:

“Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (S. Tiago 4,4)

Os adeptos do modernismo se aproveitaram do Vaticano II para transformar a Igreja, fazendo-a passar de agente modelador da sociedade para uma instituição que por esta é moldada. Deixou de transformar o mundo e passou a ser transformada pelo mundo. De portadora e anunciadora da Revelação eterna, imutável, transcendente e santa, dobrou-se às futilidades, modas e sensibilidades do mundo moderno, mutável, finito e de crenças imanentes-ateístas.

O papa João XXIII, autor da encíclica “Mater et Magistra” (Mãe e Mestra, a Igreja), já no discurso de abertura do Concílio, além de indicar a necessidade do “aggiornamento” (atualização) da Igreja ao mundo moderno, salientou ainda que aquele Concílio não iria condenar nada e a ninguém! Como explicar que uma Mãe zelosa indicaria e aconselharia aos seus filhos uma "atualização" a um mundo perverso, laico e ateu, sem lhes mostrar, condenar e advertir contra os perigos e as armadilhas que esse mesmo mundo, incessantemente e desde sempre, lhes prepara?

Pois foi exatamente o que os modernistas, que se apoderaram do Vaticano II, fizeram: introduziram na Igreja o método e a doutrina do modernismo, resumido nas “opiniones” (opiniões particulares) da "Nova Teologia", condenada por Pio XII na encíclica “Humani Generis”. E as “opiniones” heterodoxas, como as de Adam, Chenus, de Lubac, Congar, Kungs, Rhaner e outros, triunfaram naquele Concílio, voltado, como afirmou Paulo VI, não para Deus, mas para o homem.

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[1] Mensagem de Bento XVI para a JMJ Rio 2013, disp. em:
http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/messages/youth/documents/hf_ben-xvi_mes_20121018_youth.html
Acesso 19//2019

[2] Portrait du père Lagrange, Éd. Robert Laffont, Paris, 1992, p.55-56).

[3] Disp. em:
http://cis.es/cis/opencms/EN/NoticiasNovedades/InfoCIS/2013/Publicacion_ConstruccionPolitica.html
Acesso 19//2019

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Ref.:
"'Por que me persegues?' Um comentário sobre a crise na Igreja", em:
http://montfort.org.br/bra/veritas/igreja/crise_na_igreja/

Fonte: https://www.ofielcatolico.com.br/2019/08/crise-na-igreja-pior-da-historia-parte_19.html?




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