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21/07/2016
Para onde sopram os ventos da ambiguidade em “Amoris Laetitia”

Para onde sopram os ventos da ambiguidade em “Amoris Laetitia”

Uma exortação papal intencionalmente dúbia que põe em debate a Lei de Deus em nível midiático significa, em termos práticos, forçar um alinhamento ainda maior da Igreja Católica às diretrizes laicistas impostas pela civilização anticristã da nova ordem mundial.

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Sensus fidei: A indiscutível dubiedade no Cap. 8 e notas de rodapé em Amoris Laetitia, no que se refere à possibilidade de ministrar a comunhão para divorciados recasados em “alguns casos”, começa a atingir o seu ponto nevrálgico, elevando para o nível de debate público midiático a doutrina bimilenar da Igreja, pondo em questão a aceitação ou a recusa da própria lei de Deus e, consequentemente, abrindo a possibilidade para  a desfiguração e mesmo a profanação dos Sacramentos do Matrimônio e da Eucaristia. Uma exortação papal intencionalmente dúbia que põe em debate a Lei de Deus em nível midiático significa, em termos práticos, forçar um alinhamento ainda maior da Igreja Católica às diretrizes revolucionárias impostas pela civilização anticristã da nova ordem mundial.

Está claro que, desde os dois últimos sínodos, o combate se trava dentro da própria Igreja, através do conflito de duas visões eclesiais totalmente distintas.

Para onde sopram os ventos dessa ambiguidade e algumas de suas consequências? Entre tantos outros, vejamos alguns exemplos recentes:

Jornal La Nación: “Igreja reluta em dar a comunhão a divorciados recasados”

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Manchete de capa do jornal La Nación, de Costa Rica. Imagem reproduzida em: http://secretummeummihi.blogspot.com.br/

Com claro objetivo de pressionar o episcopado e todo o clero — atitude que tanto pode advir por influência interna, através de elementos do clero e de fiéis progressistas, quanto externamente, por pressão dos inimigos da Igreja, lê-se na manchete de capa do jornal La Nación, de Costa Rica, edição de 17 de julho de 2016: Iglesia reacia a dar la comunión a divorciados vueltos a casar (Igreja reluta em dar a comunhão a divorciados recasados). Obviamente, o que está em questão é pressionar bispos e sacerdotes fiéis ao magistério de sempre, no sentido de aderirem à implementação de interpretação liberal de Amoris Laetitia.

Artigo tendencioso acusa Arcebispo da Filadélfia de “fechar a porta aberta pelo Papa Francisco”

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Bispo Thomas John Paprocki, forçado a reiterar publicamente a doutrina bimilenar da Igreja sobre o matrimônio

Outro caso de pressão é o do Bispo Thomas Paprocki de Springfield, Illinois, que teve de defender no jornal The State Journal-Register, de Illinois, a orientação de seu irmão no episcopado, arcebispo Charles Chaput, da Filadélfia, que foi criticado por confirmar o ensino tradicional da Igreja de que divorciados recasados só devem se aproximar da Eucaristia vivendo em abstinência sexual.

As declarações em defesa do magistério de sempre por parte do Bispo Chaput causaram reação em um artigo publicado no mesmo jornal, afirmando que o arcebispo “está fechando a porta aberta pelo Papa Francisco em permitir católicos civilmente recasados a receber a comunhão, dizendo que o fiel em sua arquidiocese só poderá fazê-lo caso se abstenha de sexo e viva ‘como irmão e irmã'”. Bispo Thomas, mais uma vez, teve que reiterar publicamente a doutrina bimilenar da Igreja sobre essa questão.

Secretário do Papa Emérito, Dom Georg Gänswein, afirma que Papa não pode mudar doutrina com ‘meias frases ou notas de rodapé’

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Arcebispo Georg Gänswein em conferência de imprensa do Vaticano apresentando o CD Cantate Domino Capela Sistina em 29 de setembro de 2015. Crédito: Bohumil Petrik/CNA.

Em uma abrangente entrevista para The Catholic Word Reporter, Dom Georg Gänswein, de longa data secretário pessoal do Papa Emérito Bento XVI, acusa seus colegas bispos alemães de minimizar o dogma católico, e insiste em que os papas não podem alterar a doutrina da Igreja com “meias frases ou notas de rodapé ambíguas.”

Gänswein, que também serve como Prefeito da Casa Pontifícia para o Papa Francisco, fez seus comentários em uma entrevista publicada segunda-feira no jornal Ravensburg Schwäbischen Zeitung. “Doutrinas magisteriais importantes não podem ser alteradas por meias frases ou notas de rodapé ambíguas”, disse ele, em uma aparente referência à controvérsia sobre Amoris Laetitia.

Gänswein admitiu que o Papa Francisco tem “uma maneira de falar que às vezes pode ser um pouco imprecisa, de fato irreverente”, e observou que “declarações que podem ser interpretadas de diferentes maneiras são uma coisa arriscada.” No entanto, mesmo que as suas declarações “levem a interpretações bizarras”, o Papa Francisco não está suscetível de fazer alterações, disse Gänswein. “Cada papa tem o seu próprio estilo pessoal.” No entanto, “quando um papa quer mudar um aspecto da doutrina, então ele tem que fazê-lo de forma clara, de modo a torná-lo vinculativo”.

De acordo com a tradução de Catholic News Agency, Gänswein afirmou: “Considerando-se as linhas básicas de suas convicções teológicas, não existe definitivamente uma continuidade” entre Bento e Francisco.

Em vídeo, 16 líderes pró-vida e pró-família apelam ao Papa por clareza doutrinária

Em um espírito de amor, humildade e fidelidade, 16 defensores da vida e da família internacionais dirigem-se ao Papa Francisco em um poderoso novo vídeo, suplicando para que fale de forma inequívoca a verdade da fé católica, dissipando assim a confusão doutrinária, restaure a clareza, e seja o Santo Padre que os católicos precisam.

“Estamos vivendo um momento muito especial de uma profunda crise de fé dentro da Igreja”, disse Dom Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar na diocese de Maria Santissima, no Cazaquistão, que abre o vídeo, produzido por LifeSiteNews.

“Não é um segredo. É muito evidente. Inúmeras pessoas, os simples fiéis, estão sofrendo por causa da situação de confusão”, acrescentou.

Segundo seus produtores, o filme de 30 minutos tem o propósito de dissipar a confusão causada pelo lançamento em abril da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, em que Papa Francisco fez uma série de declarações relativistas sobre o casamento, o divórcio, o pecado, a recepção da Santa comunhão e a educação sexual para crianças. A Exortação tem gerado inúmeras interpretações contraditórias de vários teólogos, bem como de cardeais e bispos.

Para Dom Schneider é “muito urgente” que o Papa “especifique mais claramente, de uma forma inequívoca – de tal maneira que não deixe qualquer espaço para interpretações equívocas sobre as questões da família e da santidade do casamento”.

No vídeo, fica evidente que uma impressionante linha de defensores e advogados internacionais pró-vida e pró-família entenderam que chegou o momento de exprimir seus interesses para o bem da igreja, das almas e das nações.

Apelo a Roma por parte de 45 teólogos e estudiosos católicos

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Embora seus autores optassem por manter a confidencialidade no momento, um apelo a Roma feito por 45 teólogos e estudiosos católicos, tem por objetivo criar pressão curial no sentido de que o papa corrija os erros de Amoris Laetitia. O documento foi vazado em pelo menos um meio de comunicação. Do Reino Unido, Catholic Herald publicou um artigo com alguns detalhes adicionais sobre seu conteúdo.

A carta, que foi vista pela Catholic Herald, sublinha que “não nega ou questiona a fé pessoal do Papa Francisco”. Também elogia “elementos valiosos” em Amoris Laetitia que “fazem uma contribuição importante para a defesa e pregação da fé”. Os signatários dizem que, para que essas passagens sejam verdadeiramente eficazes, deve haver um esclarecimento de outras passagens que possam levar ao erro alguns leitores. A carta foi assinada por várias figuras ilustres, incluindo um dos mais conhecidos teólogos da Grã-Bretanha e o fundador de uma comunidade religiosa francesa. O documento foi enviado a todos os 218 cardeais e patriarcas da Igreja.
A carta destina-se como um apelo aos cardeais, ao invés de uma campanha pública. Possivelmente por este motivo, os signatários ainda não divulgaram os seus nomes, embora possam fazê-lo em uma data futura. O único signatário a se apresentar publicamente é o Dr. Joseph Shaw, que ensina Filosofia na Universidade de Oxford e é presidente da sociedade da Latin Mass Society.

Dr Shaw, que age como porta-voz do grupo, disse na semana passada: “tudo o que pedimos é que o Papa Francisco esclareça as implicações heréticas putativos do documento que são apenas isso mesmo: heréticas.”  [Cf. OnePeterFive – Details Emerge About the Theological Protest to Amoris Laetitia]

No Brasil — “Amoris laetitia: Pronunciamento do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira – Apelo aos Prelados e movimentos leigos silenciosos”

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No Brasil, o Instituto Plínio Correa de Oliveira, IPCO, lança um pronunciamento em que procura demonstrar as graves consequências do documento pós sinodal Amoris laetitia. Segundo o Instituto, Amoris laetitia abre os braços da Igreja e da sociedade para a demolição programada do casamento e da família.

Em seu artigo intitulado Amoris laetitia: Pronunciamento do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira – Apelo aos Prelados e movimentos leigos silenciosos, o IPCO lembra o apelo dos quase novecentos mil fiéis do mundo todo, incluindo Cardeais, Arcebispos e Bispos, que enviaram ao Papa Francisco uma “Filial Súplica”, na qual Lhe pediam respeitosamente que não permitisse “a relativização do próprio ensinamento de Jesus Cristo” no tocante à família. Lamenta também o fato de que, após a publicação de Amoris laetitia esse escol da população católica mundial só experimentou o gosto amargo da decepção. O Papa Francisco, tão pródigo em receber e afagar acatólicos e até anticatólicos do mundo todo, não teve uma palavra para esses fiéis.

O Pronunciamento divide-se em 5 capítulos: I – A nova disciplina “caso a caso” introduzida pela Exortação; II – Família e sem hierarquia: o modelo “comunitário” da Amoris laetitia; III – “Mudança antropológica”? – Ou revolta contra a ordem natural criada por Deus?; IV– Ante tal impasse, mudar de convicções ou resistir? e V – Apelo aos silenciosos.

Notas

Cf. também: Costa Rica intenta implementar Amoris Laetitia: “En el Documento del Papa no se menciona la posibilidad de que las parejas divorciadas y vueltas a casar puedam recibir la comunión” e Obispo de Springfield, Illinois, defiende la ensiñanza del Arzobispo Chaput sobre la Comunión para los divorciados vueltos a casar

LifeSiteNews – Bishop Paprocki: Abp Chaput is right to deny Communion to ‘remarried’ Catholics

LifeSiteNews – Benedict XVI’s secretary: Popes can’t change doctrine with ‘half sentences or somewhat ambiguous footnotes’

 

Fonte: http://www.sensusfidei.com.br/2016/07/21/para-onde-sopram-os-ventos-da-ambiguidade-em-amoris-laetitia/#.V5EnwqIwDt8




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