Arcebispo dos EUA proíbe padres de celebrar missas públicas se oferecerem comunhão na língua

Terça, 2 de junho de 2020 - 10h19 EST

"Esse assunto é sério demais para que possamos adotar outra abordagem que não seja de extrema cautela para a segurança de outras pessoas", insistiu o arcebispo de Mobile, Alabama.

Por Martin Bürger

MOBILE, Alabama, 2 de junho de 2020 (LifeSiteNews) - O arcebispo Thomas J. Rodi, de Mobile, Alabama, avisou seus padres que eles não podem celebrar missas públicas se quiserem distribuir a Santa Comunhão na língua.

"Se algum padre não puder seguir os regulamentos arquidiocesanos, será necessário que ele abstenha-se da celebração das missas públicas", escreveu Rodi em uma carta de 20 de maio obtida pela LifeSiteNews. "Esse assunto é sério demais para que possamos adotar outra abordagem que não seja de extrema cautela para a segurança de outras pessoas".

As missas públicas na arquidiocese de Mobile começaram novamente em 12 de maio. Antes disso, o arcebispo Rodi havia publicado diretrizes detalhadas, já indicando que “[uma] igreja incapaz de cumprir estritamente esses requisitos pode não ter missas públicas”.

Naquele momento, Rodi não proibiu explicitamente a recepção da Eucaristia na língua, nem prescreveu a recepção na mão. Ele escreveu apenas: "Os comunicantes devem manter o distanciamento social ao receber a Comunhão do padre".

Em sua carta de 20 de maio, porém, ele revelou o seguinte: “Recebi reclamações em meu escritório de que os padres não mantêm o distanciamento social ao distribuir a Comunhão e não higienizam as mãos depois de tocarem em outra pessoa”.

“O distanciamento social deve ser mantido durante a missa e a única maneira de manter o distanciamento social ao distribuir a Comunhão é pelo comunicante que recebe na mão”, declarou Rodi.
Nas suas diretrizes, a única definição de distanciamento social era que "ninguém deve sentar-se a menos de um metro e meio do outro, a menos que viva na mesma casa".

Mesmo que o padre e o comunicante estendam os braços o máximo possível, é provável que seus corpos estejam mais próximos do que um metro e oitenta. Além disso, dado que o sacerdote precisa colocar a hóstia consagrada na mão da pessoa que recebe, suas mãos têm apenas uma fração de polegada de distância.

Ao distribuir a Sagrada Comunhão diretamente na língua, o padre não toca a língua em si ou em nenhuma parte da boca. Esse era o costume há séculos, antes que padres e fiéis desobedientes começassem a praticar a Comunhão na mão e pressionando o Vaticano a permitir oficialmente depois do Concílio Vaticano II.

O arcebispo Rodi ordenou que seus padres dissessem a seus paroquianos "que, por enquanto, ninguém deve receber a comunhão na língua".

Com isso, ele está contradizendo diretamente as diretrizes do Instituto Thomistic sobre a “Restauração em fases das missas públicas” recomendadas pela Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos.

O Instituto Thomistic faz parte da Pontifícia Faculdade da Imaculada Conceição da Casa Dominicana de Estudos em Washington, DC. No entanto, as diretrizes foram preparadas não apenas por teólogos, mas também por especialistas médicos, incluindo Timothy P. Flanigan, da Brown University, e Aaron Kheriaty, da Universidade da Califórnia, Irvine.

Segundo o Instituto Thomistic, é possível receber a Comunhão diretamente na língua "sem risco irracional".

“As opiniões sobre esse ponto são variadas na comunidade médica e científica: alguns acreditam que a comunhão na língua envolve um risco elevado e, à luz de todas as circunstâncias, um risco irracional; outros discordam ”, apontou o documento. "Se a comunhão na língua é fornecida, pode-se considerar o uso de desinfetante para as mãos após cada comunicante que recebe na língua."

As diretrizes se referiam especificamente a Redemptionis Sacramentum, uma instrução publicada pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos em 2004. Segundo o documento, “cada um dos fiéis sempre tem o direito de receber a Santa Comunhão na língua”.

O arcebispo Rodi pareceu fazer uma referência passageira à instrução afirmando: “Diante de Deus agora, nossas preferências pessoais e até nossos direitos pessoais devem ceder temporariamente ao Bem Comum”.

Segundo São Tomás de Aquino, considerado um dos maiores teólogos da Igreja, a Eucaristia é, de fato, o bem comum. "Mas o bem espiritual comum de toda a Igreja está contido substancialmente no próprio sacramento da Eucaristia", escreveu ele em sua Summa Theologiae.

Rodi continuou: “Não estamos perdendo nossos direitos, mas entendemos que o amor a Deus e ao próximo deve guiar nossas ações. Nossos regulamentos mostram amor ao próximo, procurando proteger todos na missa. ”

Em suas diretrizes, ele também proibiu o uso de reclinatórios e trilhos de comunhão para receber a Eucaristia, bem como hinos e "e outros meios de adoração compartilhados".

Antes do arcebispo Rodi banir a distribuição da Sagrada Comunhão na língua, o bispo Richard F. Stika, de Knoxville, Tennessee, havia confirmado em um tweet que os padres de sua diocese "não darão a comunhão na língua conforme minhas instruções".

Indo mais longe, Stika disse que, se as pessoas “fazem [] uma cena” querendo receber a Santa Comunhão na língua, “elas serão convidadas a sair e não terão permissão para retornar [até] que isso passe”.

Em 2009, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos respondeu às perguntas de um católico leigo sobre as restrições ao recebimento da Santa Comunhão na língua devido à gripe suína.

“Este Dicastério observa que sua Instrução Redemptionis Sacramentum (25 de março de 2004) estipula claramente que 'cada um dos fiéis sempre tem o direito de receber a Santa Comunhão na língua' (nº 92), nem é lícito negar a Santa Comunhão a qualquer dos fiéis de Cristo que não são impedidos por lei de receber a Santa Eucaristia (cf. n. 91) ”, afirmou a carta.

“A Congregação agradece por chamar a atenção este importante assunto. Tenha certeza de que os contatos apropriados serão feitos. ”

Fonte: https://www.lifesitenews.com/news/us-archbishop-forbids-priests-to-say-public-masses-if-they-offer-communion-on-tongue