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13/06/2019
MAIS VALE UM ÚNICO BOM SACERDOTE DO QUE MIL MEDÍOCRES

MAIS VALE UM ÚNICO BOM SACERDOTE DO QUE MIL MEDÍOCRES

Escutemos o Papa Pio XI, num trecho da sua encíclica “Ad Catholici Sacerdotii”, promulgada em 20 de Dezembro de 1935:

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«Não será difícil, aos olhos vigilantes e experimentados de quem dirige o Seminário, de quem segue e estuda amorosamente, um a um, os jovens a ele confiados e suas inclinações, não será difícil, dizemos, dar-se conta de quem tem, ou não, verdadeira vocação sacerdotal. Esta, como bem sabeis, veneráveis irmãos, mais do que em um sentimento do coração, ou em um atractivo sensível, que às vezes podem faltar, SE REVELA NA RECTA INTENÇÃO DE QUEM ASPIRA AO SACERDÓCIO, unida àquele conjunto de dotes físicos, intelectuais e morais, que o fazem idóneo para tal estado. Quem se dirige ao sacerdócio ùnicamente pelo nobre motivo de consagrar-se ao serviço de Deus e à salvação das almas, e juntamente possui, OU AO MENOS, ESFORÇA-SE POR ADQUIRIR UMA SÓLIDA PIEDADE, UMA PUREZA DE VIDA A TODA A PROVA, UMA CIÊNCIA SUFICIENTE, ESTE MOSTRA QUE FOI CHAMADO POR DEUS AO ESTADO SACERDOTAL. Quem, pelo contrário, incitado talvez por pais mal aconselhados, quisesse abraçar este estado diante da perspectiva de vantagens temporais e terrenas, entrevistas ou esperadas no sacerdócio, COMO OCORRIA MUITO FREQUENTEMENTE NO PASSADO; quem é habitualmente refractário à submissão e disciplina, pouco inclinado à piedade, pouco amante do trabalho e pouco zeloso das almas; quem especialmente está inclinado à sensualidade, e através de uma larga experiência não demonstrou sabê-la vencer; quem não tem aptidões para o estudo, de modo que se lhe possa  fazer ver, de antemão, a impossibilidade de seguir os cursos normais – TODOS ESTES NÃO FORAM FEITOS PARA O SACERDÓCIO! (…)

“Não basta – diz o santo Bispo e Doutor Afonso Maria de Ligório – que o Bispo não conheça nada de mau naquele que se ordena, MAS DEVE ESTAR CERTO DA SUA PROBIDADE POSITIVA.”

“As Ordens Sacras – diz São Tomás de Aquino – exigem prèviamente a santidade, e por isso, o peso das Ordens deve impor-se a paredes, que pela santidade, já estejam dessecadas do humor dos vícios”.

E não se deixem comover, tanto os Bispos como os Superiores Religiosos, pelo temor que esta severidade, necessária, venha a diminuir o número de sacerdotes da Diocese ou do Instituto. O Doutor Angélico, São Tomás, estudou esta dificuldade, e respondeu com sua habitual lucidez e sabedoria:”DEUS NÃO ABANDONA NUNCA A SUA IGREJA, ATÉ AO PONTO QUE SE NÃO ENCONTREM SACERDOTES IDÓNEOS EM NÚMERO SUFICIENTE PARA AS NECESSIDADES DO POVO, SE  SE ACEITAM OS DIGNOS E REPELEM OS INDIGNOS.” Ainda que, como bem observa o santo doutor, referindo quase literalmente as graves palavras do quarto concílio de Latrão: “Se não se pudessem encontrar tantos ministros como os que existem na actualidade, MELHOR SERIA TER POUCOS MINISTROS BONS QUE MUITOS MAUS”.

O primeiro e mais natural jardim onde devem germinar e brotar, quase espontaneamente, as flores do Santuário é sempre a família verdadeira e profundamente cristã. A maior parte dos santos Bispos e sacerdotes, “cujos louvores celebra a Igreja”(Eccl.44,15) devem o começo da sua vocação religiosa e de sua santidade aos exemplos e ensinamentos de um pai cheio de Fé Cristã e de virtude sólida, de uma mãe casta e piedosa, de uma família em cujos membros reinava, com a pureza de costumes, a Caridade de Deus e do próximo.

As excepções a esta regra da Providência são raras e não fazem mais do que confirmar a mesma regra. Quando em uma família, os pais, a exemplo de Tobias e de Sara, pedem a Deus uma numerosa posteridade “na qual se bendiga Eternamente o Nome do Senhor” (Tb 8,9) e a recebem com gratidão, como Dom Celestial, e como precioso depósito, e se esforçam em inculcar aos filhos, desde os mais tenros anos, o santo temor de Deus, a piedade cristã, uma terna devoção a Jesus Sacramentado e à Virgem Imaculada, o respeito e a veneração aos Lugares e às Pessoas Sagradas; quando os filhos vêem nos pais o modelo de uma vida honesta, laboriosa e pia, quando só vêem o amar-se santamente no Senhor, frequentar durante o ano os Sacramentos, obedecer não só às Leis da Igreja sobre a abstinência e o jejum, como também ao espírito da voluntária mortificação cristã, quando os vêem rezar em casa, reunindo em torno de si toda a família, para que a oração em comum se eleve mais ao Céu; quando os vêem compadecer-se das misérias alheias e repartir com os pobres o muito ou o pouco que possuem, é bem difícil que, enquanto tratam todos de imitar os sentimentos paternos, algum dos tais filhos deixe de ouvir o convite do Divino Mestre: “SEGUE-ME E EU FAREI DE TI PESCADOR DE HOMENS” (Mt 4,19).»  

Sabemos bem como a Divina Constituição da Santa Madre Igreja não prevê a impecabilidade – com exclusão também do pecado venial – para ninguém, nem mesmo para o Romano Pontífice. Tal acontece, fundamentalmente, porque Deus Nosso Senhor não governa o mundo mediante milagres, o que,  aliás, seria até contraditório com o conceito de milagre. A ressurreição de um morto é um milagre, porque constitui excepção absoluta, mas a Ressureição Final, estritamente falando, não será um milagre, porque o fenómeno da Ressurreição constituirá a regra geral da Parúsia, a qual se encontra já para além da História. Se Papas e Bispos fossem todos impecáveis, tal seria, até certo ponto, contraditório com a regra geral da Humanidade, que é o pecado. Seria, até certo ponto, uma banalização da santidade, consequentemente, tal implicaria, de certa forma, menos santidade.

Mas entre a impecabilidade estrita e a devassidão habitual há lugar para um ideal de virtude pròpriamente sacerdotal e religiosa, que deve excluir o pecado mortal habitual. Efectivamente, uma alma, habitualmente, em pecado mortal irradia uma aura infernal, a qual, como que refracta essencialmente todo o seu agir e todas as suas palavras. Inclusivamente, e mesmo tendo em conta a Graça de estado, essa ausência de Caridade e de Graça Santificante na alma, pode refractar bastante o exercício da Jurisdição episcopal e religiosa, perturbando mesmo a administração do Sacramento da Penitência. É CLARO QUE REFRACTAR NÃO É SINÓNIMO DE INVALIDAR, MAS SÒMENTE UMA ALTERAÇÃO, MAIS OU MENOS SIGNIFICATIVA, NO RACIOCÍNIO E NO COMPORTAMENTO DOS MINISTROS DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Um sacerdote, ou um Bispo em pecado mortal habitual NÃO TEM ESPÍRITO VERDADEIRAMENTE SOBRENATURAL, visto que a Fé informe que possui é deficientemente Sobrenatural. Consequentemente, a privação habitual da Graça Santificante e da Caridade exaure o sacerdote, o Bispo, ou o religioso, da força Sobrenatural absolutamente necessária para combater e sofrer pela Fé. Exactamente por isso, é que no amaldiçoado Vaticano 2, os Bispos da maioria, não maçons, mas também, habitualmente, sem a Graça Santificante e a Caridade, encontravam-se dispostos a votar tudo o que interessasse aos modernistas, tudo o que fosse necessário, para poderem regressar, o mais ràpidamente possível, à sua diocese e à sua zona de conforto.

Além disso, um sacerdote, um Bispo, ou um religioso, habitualmente em pecado mortal, NÃO DISPÕEM DA FORÇA SOBRENATURAL ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIA PARA LUTAR CONTRA GRANDES TENTAÇÕES CONTRA A CASTIDADE E CONTRA A HUMILDADE E SOBRIEDADE DE VIDA.

É, assim, que a entrada no Seminário deve ser barrada a todos aqueles rapazes e homens vividos, porque esses, salvo milagre moral, já não terão emenda. É muito menos penoso para um varão casto manter essa mesma castidade, do que a um carnalão rectificar inteiramente a sua conduta.

Outro aspecto particularmente hediondo, até mais grave que o anterior, porque aniquila pela raiz toda e qualquer actividade pastoral profícua, são a hipocrisia, a soberba e a prepotência. Nosso Senhor anatematizou de tal modo o fariseísmo que o colocou mesmo abaixo da impureza: “Publicanos e prostitutas preceder-vos-ão (aos fariseus) no Reino dos Céus” (Mt 21,31).

O sacerdote soberbo É A NEGAÇÃO EXPRESSA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, POIS FECHA-SE À LUZ SOBRENATURAL DE VERDADE E SANTIDADE QUE IRRADIA DA FACE DE JESUS.

Sabemos bem, como as misérias morais constituem um feixe, de modo que os hábitos maus de alguma forma se exigem uns aos outros, embora com intensidade diferente. Consequentemente, quem é soberbo, quase sempre é também hipócrita e vice-versa. A explanação profunda para tal reside no facto de que a Verdade e o Bem constituem propriedades transcendentais do Ser, as quais, diversificadas pelas vicissitudes do quotidiano, apresentam uma extremamente rígida proporção de todas as virtudes, mais das virtudes Sobrenaturais, porque mais perto da Suprema Unidade Incriada, do que das virtudes naturais;  portanto, a sua privação qualificada pelo mal moral, diversifica-se necessàriamente numa unidade sempre menor que a das virtudes, e que só a dura experiência do quotidiano concreto faz realmente dispersar, desagregando miseràvelmente a unidade do espírito e debilitando extraordinàriamente a liberdade interior, A QUAL DEVE SEMPRE CONSTITUIR UMA FACULDADE DE SE MOVER NA VERDADE E NO BEM; NA ORDEM NATURAL, COM O AUXÍLIO DA GRAÇA MEDICINAL, PRETERNATURAL, E NA ORDEM SOBRENATURAL, COM O AUXÍLIO DA GRAÇA ACTUAL, E NO MEIO PROPORCIONADO PELA GRAÇA SANTIFICANTE, PELAS VIRTUDES TEOLOGAIS E MORAIS, E PELOS DONS DO ESPÍRITO SANTO.     

É conhecido como Monsenhor Lefebvre, sem culpa sua, jamais possuiu a perspicácia necessária para avaliar as qualidades e defeitos dos seminaristas e ordinandos. Sabe-se que sofreu graves desgostos neste campo. O Bispo nestas condições deve saber rodear-se de eclesiásticos de idade madura e reconhecida proficiência no que concerne à apreciação qualificada dos caracteres humanos. Ninguém pode possuir todas as qualidades e desenvolver todos os aspectos da inteligência; MAS A GRAÇA DE DEUS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO INTENSIFICAM EXTRÌNSECAMENTE, DE FORMA NOTÁVEL, A INTELIGÊNCIA NATURAL, E FAZEM-NO DE MODO EXTRAORDINÁRIO, EMBORA NÃO MILAGROSO.

A qualidade é, quase sempre, absolutamente preferível à quantidade. Infelizmente, o próprio Monsenhor Lefebvre reconheceu que no início da Fraternidade São Pio X, naqueles santos entusiasmos da constituição e propagação de uma obra que devia ser, fundamentalmente, de suprimento, haviam sido ordenados homens, que para tal não eram dignos. Já em Dakar, Monsenhor Lefebvre procedera a análogo juízo.

A Santa Madre Igreja começou com doze homens, instruídos primeiramente por Nosso Senhor Jesus Cristo, e ulteriormente, num plano estritamente Sobrenatural, pelo próprio Espírito Santo. Foram, sem dúvida, auxiliados pela ciência infusa, em si mesma não milagrosa, porque ancorada em Dons internos semelhantes aos do Espírito Santo, só que comunicados para edificação da Santa Madre Igreja e não para santificação pessoal. Foram os Apóstolos também auxiliados pelos carismas, que eram dons externos, ordenados à edificação da Santa Igreja, e não internos como a ciência infusa. Estes Dons já implicavam a existência de milagres, em sentido impróprio, ou seja, como o Dom das línguas, realizados pelos Anjos, sob ordens de Deus; mas também em sentido próprio, como as ressurreições, o que só Deus pode realizar.

É certo que hoje a ressurreição qualitativa da Santa Madre Igreja já não se processará com Carismas e com Ciência Infusa, porque esse tempo acabou; actualmente, e no futuro, serão homens com dons naturais e Sobrenaturais muito elevados que serão chamados a plenamente justificar a Santidade, a Indefectibilidade, a Infalibilidade, e em última instância, a Divindade da Mãe Igreja; o que não exclui, bem pelo contrário, a consecução de um verdadeiro milagre moral, necessário para que ressurja, mesmo qualitativamente, uma Instituição completamente reduzida a cinzas na sua face humana e terrena.  

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Lisboa, 13 de Junho de 2019

Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral

Fonte:https://promariana.wordpress.com/2019/06/13/mais-vale-um-unico-bom-sacerdote-do-que-mil-mediocres/




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