“Queremos uma Igreja que promova o protagonismo social e eclesial laical, das mulheres, dos atores nativos, da Vida Religiosa e Missionária, de quem se espera disponibilidade, ousadia, perseverança, capacidade de acolhida, diálogo intercultural, leveza estrutural e incremento da vida das comunidades”, escreve a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Secretariado Regional Norte I – em carta publicada durante a Assembleia Pré-Sinodal do Regional Norte I.
Eis a carta.
“Não importa que doa: é tempo de avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo”
Thiago de Mello
Como Igreja do Regional Norte 1, Amazonas e Roraima, nos reunimos, no Centro de Treinamento Maromba, em Manaus, em caminho sinodal, com a presença de leigos e leigas, diácono, sacerdotes, religiosos e religiosas, bispos, representando todas as dioceses do Regional. O Sínodo é uma grande luz que o Papa Francisco acendeu para se fazer pequenas luzes em nossa realidade Amazônica. Neste caminho, muitos sinais de Deus vêm sendo colocados como marcos, para indicar a direção a seguir.
O Sínodo é um tempo de graça, um kairós, que nos convoca a elevar nossas vozes, darmos as mãos e seguir, sempre acreditando que é o Senhor que nos convoca a sermos “sal da terra” (Mt 5,13). O Sínodo é um processo que gera possibilidades, um acontecimento que promove a escuta e uma ferramenta que ajuda a recolher as vozes proféticas dos povos da Amazônia, em uma Igreja chamada a cuidar do jeito, do conteúdo de sua comunicação e a reconhecer o papel da mulher, em uma sociedade dominada pelo mercado, pelos grandes projetos, onde se vislumbram propostas extremamente perversas.
A partir da síntese da ampla escuta realizada, este foi um tempo para deixar que tanta riqueza passasse pelo processo de decantação. Junto aos povos do nosso Regional, sonhamos com uma Igreja ousada, dialogal, inclusiva, pobre, solidária, mística, em saída. Uma Igreja que quer se expressar em uma liturgia e sacramentos inculturados, que assimila as culturas, dá valor à religiosidade popular e mariana, promove o diálogo inter-religioso, desde a escuta e a teologia indígena. Uma Igreja profética, que promove novos paradigmas de comunicação, com pauta nos povos da Amazônia, que atua em rede e busca repercutir a vida da região.
Queremos uma Igreja que promova o protagonismo social e eclesial laical, das mulheres, dos atores nativos, da Vida Religiosa e Missionária, de quem se espera disponibilidade, ousadia, perseverança, capacidade de acolhida, diálogo intercultural, leveza estrutural e incremento da vida das comunidades. Uma Igreja que insiste na ministerialidade, com os ministérios existentes, promovendo o diaconato permanente e diaconisas, o ministério da presidência eucarística, para homens e mulheres, e os ministérios a partir das culturas locais.
Que Nossa Senhora da Amazônia, rainha das luzes e das flores, nos dê juízo e sabedoria, para proteger nossa terra, nossa gente, para que a Amazônia não tenha fim.
Manaus, 02 de dezembro de 2018
Fonte:http://www.cnbbsul1.org.br/sinodo-da-amazonia-carta-da-assembleia-pre-sinodal-do-regional-norte-1/
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Abin espiona bispos e cardeais e Heleno traça combate à Igreja Católica
10 de Fevereiro de 2019 às 08:51
O Palácio do Planalto quer conter o avanço da Igreja Católica na liderança da oposição ao governo Jair Bolsonaro. Na visão do bolsonarismo, a Igreja é uma tradicional aliada do PT e está se organizando para liderar debates em conjunto com a esquerda; o alerta ao governo veio de informes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), chefiada pelo general Heleno, e dos comandos militares; os relatos são de encontros recentes de cardeais brasileiros com o papa Francisco para discutir o Sínodo sobre Amazônia, que reunirá em Roma, no mês de outubro, bispos de todos os continentes.
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo destaca que "durante 23 dias, o Vaticano vai discutir a situação da Amazônia e tratar de temas considerados pelo governo brasileiro como uma 'agenda da esquerda. O debate irá abordar a situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas. 'Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí', disse o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que comanda a contraofensiva."
A matéria ainda informa que "com base em documentos que circularam no Planalto, militares do GSI avaliaram que os setores da Igreja aliados a movimentos sociais e partidos de esquerda, integrantes do chamado 'clero progressista', pretenderiam aproveitar o Sínodo para criticar o governo Bolsonaro e obter impacto internacional.
'Achamos que isso é interferência em assunto interno do Brasil', disse Heleno. Escritórios da Abin em Manaus, Belém, Marabá, no sudoeste paraense (epicentro de conflitos agrários), e Boa Vista (que monitoram a presença de estrangeiros nas terras indígenas ianomâmi e Raposa Serra do Sol) estão sendo mobilizados para acompanhar reuniões preparatórias para o Sínodo em paróquias e dioceses."
Fonte:https://www.brasil247.com/pt/247/brasilia/383383/Abin-espiona-bispos-e-cardeais-e-Heleno-traça-combate- a-igreja-catolica.htm