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14/08/2017
“Gay se nasce”. Eminência Reverendíssima Cardeal Kasper, permita-me uma pergunta.

“Gay se nasce”. Eminência Reverendíssima Cardeal Kasper, permita-me uma pergunta.

02 de outubro de 2015

“O teólogo reformista Kasper disse: ‘Gay se nasce. Não aos fundamentalistas em nome do Evangelho’.” É um título realmente sugestivo, caro Cardeal Walter Kasper, aquele que o Corriere dela Sera usou para apresentar a sua entrevista ao vaticanista do diário de Milão, Gian Guido Vecchi.

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Por Luigi Amicone, 02 de outubro de 2015, Tempi | Tradução: FratresInUnum.com:

Agora, porém, o senhor deve nos dizer onde foi que erramos ao constatar apenas nas dez primeiras linhas de sua conversa um exemplo espetacular de confusão e, juntamente, uma politicagem em nada misericordiosa e de forma alguma pastoral.

Não esquecendo também que o senhor é, entre outras coisas, o autor do relatório apresentado no consistório extraordinário sobre a família que se tornou a base de discussão sobre o tema do Sínodo do dia 4 de outubro, deixamos claro a seguir o nosso pedido para que possamos ser contraditos, censurados ou esclarecidos por Sua Eminência Reverendíssima.

Quanto à politicagem, recordo-lhe o início da sua entrevista, onde diante da pergunta capciosa: “Por que existe tanta resistência, Eminência? Como na véspera do Sínodo do ano passado, desta vez surgiram até Cardeais assinando um livro em defesa do matrimônio e da família e também da “doutrina” … “e o senhor respondeu sinuosamente com um “mas, olha, eu não quero entrar nessa controvérsia. O Sínodo foi feito justamente para se discutir“. E logo em seguida partiu para o ataque: “Sim, alguns querem se fechar, não há nada para discutir, basta“.  Dá um suspiro – volta-se para o Corriere – sorri e diz :” Vê – o senhor continua, – existe um certo fundamentalismo… se faz uma ideologia para apoiar a própria tese…”.

Neste breve giro de palavras o senhor se permite fazer uma fogueira em torno dos autores do livro citado pelo seu entrevistador e sai catalogando de Carlo Caffara a Angelo Scola como “fundamentalistas” e “ideólogos”, seus colegas cardeais cuja única culpa é terem um pensamento diferente do seu.  E é isso que o senhor chama de “não entrar em controvérsias” e como uma “boa preparação do terreno das discussões sinodais”?

Segunda observação: a confusão. Após o ataque a seus colegas cardeais, encontramos esta bela pérola proferida pelo senhor, Eminência Reverendíssima (que o Corriere define, se não me engano, também a Botteghe Oscure, como “o ponto de referência dos reformistas”): “Para mim, essa inclinação (a homossexualidade, nota do editor) é um ponto de interrogação: ela não reflete o plano original de Deus, mas todavia é uma realidade porque gay se nasce”. Para dizer a verdade, Eminência, tivemos que esfregar os olhos, acreditamos ter lido errado. Então, resolvemos ler e reler, mas não há dúvida! O senhor realmente pede, como escreve entre aspas o Corriere, para que no Sínodo se abra um “diálogo” sobre a contracepção que já está difundida entre os fiéis (“Eu espero que sim, este cisma não pode durar“) e fala de acolhida e respeito pelos homossexuais: “Para mim, essa inclinação é um ponto de interrogação: não reflete o projeto original de Deus, mas todavia é uma realidade, porque gay se nasce“.

O senhor,  Eminência Reverendíssima, disse exatamente assim: “uma coisa é ‘o projeto original de Deus’, uma outra – porém – é o fato de que ‘gay se nasce’.” Ora, a perplexidade gerada por essas suas palavras é evidente e pedimos aos leitores que recorram a todos os seus recursos da lógica para nos responder: isso quer dizer que Sua Eminência Reverendíssima tem um questionamento? Deixemos de lado o debate sobre Igreja e homossexualidade, porque essa seria outra discussão. Existe algo muito mais radical em suas palavras. Na verdade, suas palavras, Eminência Reverendíssima, são claríssimas: o senhor diz que “a inclinação homossexual não reflete o projeto original de Deus” mas logo em seguida diz “todavia é uma realidade”, não porque a homossexualidade é uma realidade como o são um monte de outras coisas que também não refletem o projeto original de Deus (como colocar o dedo no nariz, roubar uma marmelada e até coisas mais graves), mas “porque gay se nasce.” Olha a confusão! Que pergunta pode surgir quando se afirma ao mesmo tempo o “projeto original de Deus” e o projeto original do “gay se nasce”?

Parece-me lógico deduzir que o senhor, Eminência Reverendíssima, está convencido de uma das duas coisas, e que a sua pergunta se coloca dentro da seguinte alternativa: ou Deus, se existe, não tem nada a ver com o nascimento (ergo, não tem nada a ver com a criação presente, Ele criou o mundo há algum tempo e depois deixou correr à revelia como um joguinho impulsionado por uma mola, o que seria uma patente heresia); ou Deus, se existe, adora criar coisas novas contrárias ao seu projeto inicial (heresia dupla). E aqui, na verdade, já podemos ir parando porque todo o resto, como diria o grande Cardeal Elio Sgreccia ao Avvenire, nasce de uma questão fundamental e radical: “A misericórdia é verdade vivenciada, não há separação. Não se pode separar em Cristo a verdade do amor”.

Para o senhor, no entanto, Cardeal Walter Kasper, tudo parece nascer de uma divisão original escondida como uma cobra no seio do próprio Ser. Existe a verdade, mas também não existe porque a realidade vai para outro lado e ao invés de chamar esse outro lado de “pecado”, ou seja, a experiência verdadeiramente histórica que o homem não consegue fazer em face da verdade que ele vê (“o bem que eu quero não faço, mas faço o mal que eu odeio”, diz São Paulo), o senhor prefere chamar de “misericórdia” a anestesia em cima do “eu não consigo”. Assim, existe o ideal: dizer aos jovens para se casar, afirmar que o Sacramento é obra de Deus que torna infinita, indissolúvel e para sempre a liberdade infinita de um homem e de uma mulher (exceto os casos nulos onde não existiu a liberdade e, portanto, não existe sacramento), exorta-os a desafiar as dificuldades, traições, modas e caprichos. Mas, logo em seguida, o senhor mesmo parece dar a entender que não acredita muito nesse ideal e procura camuflar seu ceticismo com a pastoral. Claro que existe uma pergunta que devemos fazer e que é a mesma que Sua Eminência também deveria fazer. E a pergunta é: afinal quem são mesmo os fundamentalistas e ideólogos?


Fonte:https://fratresinunum.com/2017/08/14/gay-se-nasce-eminencia-reverendissima-cardeal-kasper-permita-me-uma-pergunta/




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