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21/02/2017
A CEGUEIRA DA DEMOCRACIA

A CEGUEIRA DA DEMOCRACIA

19/02/2017

Escutemos o Papa Leão XIII, em excertos da sua encíclica “Diuturnum Illud”, promulgada em 29 de Junho de 1881:

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Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral

«Depois que os Estados tiveram príncipes cristãos, a Santa Igreja insistiu ainda mais em afirmar e pregar o quanto era inviolável a autoridade dos governantes: Disso devia depreender-se, que quando os povos pensavam no Principado, lhes vinha à mente UMA ESPÉCIE DE MAJESTADE SAGRADA, PELA QUAL ERAM LEVADOS A TER REVERÊNCIA E AMOR MAIOR PARA COM OS PRINCIPES ; POR ISSO, COM SABEDORIA, A SANTA IGREJA PROVIDENCIOU QUE OS REIS FOSSEM SOLENEMENTE CONSAGRADOS, COMO, POR ORDEM DE DEUS, ESTAVA ESTABELECIDO NO ANTIGO TESTAMENTO.

Quando a sociedade civil, como que suscitada pelas ruínas do Império Romano, reviveu na esperança da grandeza cristã, os Pontífices Romanos, instituído o Império Sagrado, consagraram de maneira singular o poder político. Acrescentou-se ainda uma nobreza grandíssima ao Principado; e não se deve duvidar que esta maneira de agir teria sempre beneficiado a sociedade religiosa e civil, se os príncipes e os povos tivessem tido sempre finalidades uniformes às da Santa Igreja.

De facto, as coisas foram sempre tranquilas e prósperas enquanto durou uma amizade concorde entre os dois poderes. Se os povos pecavam tumultuando, a Santa Igreja era a conciliadora pronta de tranquilidade que chamava todos ao dever e freava as violentas ambições, parte com doçura, parte com autoridade. Da mesma forma, se no governo pecavam os príncipes, então ela mesma ia adiante deles, e lembrando-lhes os direitos, as necessidades, os justos desejos dos povos, convencia-os à equidade, à clemência e à benignidade. Assim foi possível, muitas vezes, afastar os perigos de tumultos ou de guerras civis.

Ao contrário, as Doutrinas inventadas pelos modernos sobre o poder político CAUSAM AOS HOMENS GRANDES CALAMIDADES, e é de se temer que tragam para o futuro os males extremos; pois, não querer derivar da Autoridade de Deus o direito de mandar, outra coisa não é SENÃO ARRANCAR DA POLÍTICA O SEU ESPLENDOR MAIS BELO E TIRAR-LHE AS SUAS FORÇAS MAIORES. E quando  fizerem depender a autoridade DO ARBÍTRIO DA MULTIDÃO, primeiramente afirmam uma opinião enganadora, e em segundo lugar, apoiam o Principado num fundamento demasiado fraco e instável. Com efeito, as ambições populares como que estimuladas por aquelas opiniões, insurgir-se-ão com maior audácia e fàcilmente decairão EM TUMULTOS CEGOS E SEDIÇÕES ABERTAS, COM GRANDE RUÍNA DA COISA PÚBLICA. De facto, depois daquela a que chamam “Reforma”, cujos promotores e chefes combateram, com doutrinas novas, o Poder Sagrado e o poder civil, surgiram tumultos repentinos e rebeliões ousadas, especialmente na Alemanha, e isto com tanto incêndio de guerra doméstica, e com tanta carnificina, que parecia não haver lugar livre de tumultos e não manchado se sangue.

Com efeito, como ensina egrègiamente São Tomás, o temor “é fundamento fraco, porque os que estão submetidos pelo temor, se se apresentar uma ocasião em QUE POSSAM ESPERAR A IMPUNIDADE, insurgem-se contra os que presidem, tanto mais ardentemente quanto mais, contra sua vontade, eram refreados sòmente pelo temor”.  Por isso, é necessário encontrar um motivo mais alto e eficaz para a obediência, E ESTABELECER COM FIRMEZA QUE A PRÓPRIA SEVERIDADE DAS LEIS NÃO PODE SER FRUTUOSA SE OS HOMENS NÃO SÃO LEVADOS PELO DEVER E MOVIDOS PELO SALUTAR TEMOR DE DEUS.»       

A democracia tem de ser condenada, em primeiro lugar, pelo seu ateísmo; pois veio tentar preencher, polìticamente, o tremendo vazio deixado pela ausência de Deus Nosso Senhor, de Deus Uno e Trino, conhecido pela recta razão e revelado, Històricamente, Sobrenaturalmente, por Ele Mesmo. Essa ausência começou a esboçar-se nos séculos XIV e XV, revigorou-se extremamente com a dita “Reforma” do século XVI, e consumou-se definitivamente com a revolução de 1789 e revoluções suas derivadas. Hodiernamente, vivemos já noutra dimensão: A da civilização pós-Cristã.

Porque o “deus” da rua, o “deus” que anda, imoderadamente, caòticamente, na boca do comum dos homens – NÃO É O VERDADEIRO DEUS! E não se argumente com a denominada “fé do carvoeiro”, porque esta pode até ser, com a Graça de Deus, a Fé de um Santo. Como tenho repetido, porque a Santa Madre Igreja sempre o ensinou: A inteligência puramente natural, bem como a cultura humana e terrena, SÃO INCOMENSURÁVEIS COM A GRAÇA SANTIFICANTE E AS VIRTUDES TEOLOGAIS E MORAIS. Para Nosso Senhor e para a vida Eterna o que conta são OS BENS SOBRENATURAIS. O carvoeiro, analfabeto das coisas do mundo, pode constituir um repositório inauferível da ciência sublime de Nosso Senhor Jesus Cristo. Santo Tomás de Aquino afirmava ter aprendido mais nos seus solitários colóquios com Jesus Sacramentado do que nos livros.

Depois de terem cometido o seu deicídio, os homens políticos foram coagidos a inventar um método puramente humano de selecção e legitimação dos governantes, com o objectivo, segundo diziam e dizem, de evitar as guerras civis. Todavia, como a História bem demonstra, essas guerras não só não foram evitadas como se tornaram mais frequentes. E a razão profunda para tal radica-se no facto de que a mesma supressão de um Princípio Transcendente, Absoluto, Eterno e Imutável, abriu as portas à razão brutal da força, pois a Força Sobrenatural da Razão Divina era ignorada ou negada. Quando o destino do Homem é abandonado ao próprio Homem, TUDO PERDE IMEDIATAMENTE TODO O SENTIDO!

A soberania da vontade da maioria aritmética, relativizada legalmente na própria assembleia política, bem como na comunicação social, exaure a substância de todos os valores, oblitera a obrigatoriedade de todas as leis, precisamente porque tudo surge então como um produto contingente da caduca razão e vontade humana, QUE DISSOCIADAS DA RAZÃO E DA VONTADE DIVINA – NADA SÃO!

Todavia há uma outra faceta do problema, também muito grave:

O corpo eleitoral dos diversos países, mesmo daqueles mais culturalmente desenvolvidos, é, em grande parte, constituído por pessoas sem um pensamento coerente com uma vontade própria, porque tais pessoas se apresentam desprovidas da necessária objectividade na formulação dos problemas e procura de possíveis soluções. O VOTO DA GRANDE MAIORIA DAS PESSOAS É UM TIRO NA COMPLETA ESCURIDÃO. Mesmo pessoas cultas, que tinham severa obrigação de emancipar-se do mimetismo social reinante e dos vícios mentais e morais da rua, mesmo esses, NAUFRAGAM MISERÀVELMENTE NAS APARÊNCIAS DO MEIO SOCIAL.

Outros, mais cautelosos, esforçam-se por cogitar mais profundamente na responsabilidade do voto, mas são incapazes de funcionalizar objectivamente o seu raciocínio; o que conta acima de tudo são os seus interesses subjectivos, eliminada que é a sua necessária projecção social e política.

O resultado das eleições é assim duplamente falseado: Em primeiro lugar o seu pecado mortal de prescindir completamente da Lei Divina e do Magistério da Santa Madre Igreja; e ulteriormente, a realidade deprimente de um pensamento e de uma vontade humana, INDIGNOS DE TAL SEREM DENOMINADOS, na exacta medida em que o seu voto não constitui FORMALMENTE nada, exprimindo sòmente um gravíssimo sincretismo, religiosa e moralmente imputável ao homem e ao cidadão.

Neste quadro conceptual, num contexto onde exista pleno e irrevogável cumprimento da Lei de Deus e obediência à Santa Madre Igreja, e concomitantemente se verifique adequada objectivação e funcionalização da inteligência e da vontade, então nesse caso, as eleições podem ser boas e até necessárias; as Ordens Religiosas constituem um bom exemplo, e mais ainda, o Conclave para a eleição Papal. Aqui será válido o princípio de que várias cabeças, religiosamente rectas e objectivamente funcionalizadas, pensam melhor do que uma só. Tal princípio, contudo, não é Universal. Cumpre todavia assinalar, que as eleições, por definição, podendo designar alguém para determinado cargo, JAMAIS CONSTITUEM A FUNÇÃO; porque todas as funções terrenas, ainda as mais elevadas, necessitam fundamentar-se, essencialmente, na Suprema Função de Direito Divino Sobrenatural, ou seja, da Cátedra de São Pedro, fundamentação essa, MODERADA PELO ELEMENTO HISTÓRICO-NATURAL.    

Exactamente neste sentido, é que São Tomás considerava preferível uma monarquia orgânica, ou seja, convenientemente moderada, não apenas pela Família Real, mas por uma apurada fina-flor representativa da essência histórica – religiosa, moral, social e cultural – das Nações.

Por idêntico motivo, a Santa Madre Igreja condenou inapelàvelmente as denominadas monarquias absolutas, pois estas não apenas suprimiam a necessária, e de Direito Divino, Mediação da Santa Madre Igreja, Sociedade perfeita em sentido eminente, como igualmente desprezavam a função essencialista e moderadora da fina-flor das Nações, bem como a operatividade, extremamente rica e altamente benfazeja, do conceito de Família Real.

Deus Nosso Senhor criou o mundo em perfeita organicidade hierárquica; quanto mais os homens a respeitarem, mais ditosos e prósperos serão, mesmo neste mundo. É a perfeição e beatitude Sobrenatural que é susceptível de ilustrar o bem estar natural e terreno – E NÃO O CONTRÁRIO!

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Lisboa, 4 de Fevereiro de 2017

Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral 

Fonte:https://promariana.wordpress.com/2017/02/19/a-cegueira-da-democracia/




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