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10/01/2017
A concretude da igreja de padre Jorge

A concretude da igreja de padre Jorge

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Por P. Wimmer | FratresInUnum.com

Padre Jorge volta à carga contra o que pensa ser “esquemas abstratos”.

Para sermos bem concretos, ponhamos o exemplo de um pai de família que, aos seus 50 anos, resolveu deixar a esposa e filhos para viver com uma mulher de 25. A esposa já não era atraente, os filhos, jovens e adolescentes, dando trabalho. Ele pode se mudar para um flat perto do trabalho, onde aliás conheceu a sua nova, mui nova, “companheira”, e viver sua vidinha pequeno-burguesa, pois, afinal, seus vencimentos o permitem. Ele, que é cristão, e não pensa segundo a lógica abstrata e legalista do passado. Ele quer se abrir a novas possibilidades, quer respirar um pouco depois de tantos anos de uma convivência nem sempre amena, quase forçada. Quer esquecer as dificuldades do início de carreira, quer, enfim, experimentar o novo, a liberdade. Nada de esquemas abstratos e legalistas!

A esposa, que sempre o ajudou e que batalhou com, e lhe deu filhos, um pouco trabalhosos, é verdade, ficará olhando pela janela a mudança. Ela até já pensa em baixar um aplicativo no celular, para ver se arruma um novo “parceiro”. O que é importa, afinal, é viver o aqui e agora, viver a precariedade do momento, viver as surpresas da vida com espírito aberto e sem esquemas rígidos e pré-concebidos. Também ela quer se dar o direito de ser feliz , quer viver a esperança.

O marido canastrão e seu rabo de saia serão acolhidos na terna igreja do bairro, a igreja de Padre Jorge.

Padre Jorge detesta constrangimentos por motivo de religião. Religião não deve onerar as pessoas com nada. Deve ser um oásis de acolhimento e de ternura. O mundo já exige demais… Criar problemas? Exigências? Cobranças? Nada disso! Padre Jorge sabe que tudo é difícil. Ele mesmo, em sua vida de consagrado, tem lá as suas dificuldades. As pessoas têm que se sentir bem. Cada um que siga a sua consciência. Deus não olha resultados e eficiências. Isso é uma versão capitalista da religião. O que importa é viver a justiça no seu dia-a-dia, promover a fraternidade e a partilha.

Padre Jorge quer acolher, quer tocar, quer a união dos corações e das mentes num sentimento indiferenciado de esvaziamento de si – kenótico.

O marido canastrão e aventureiro e o seu rabo de saia não querem, de modo algum, ficar sem a terapia dominical, a terapia humanista do acolhimento. Eles se sentem bem na comunidade. Dá pra ir ao clube, almoçar tranquilo, beber no bar da piscina até as 19:00, por uma bermuda e pegar a Missa das 20:30 como chave de ouro.

Na paróquia, há muitas atividades de promoção social. Padre Jorge tem muito cuidado para não haver a mínima sombra de proselitismo. A igreja tem que se ocupar das condições concretas de quem a procura, sem marretar doutrinas. Doutrina só gera divisão e afirmação de ego. Não se deve propor nada a ninguém, exceto o compromisso com a partilha e a justiça. Padre Jorge fez até um convênio com o Rotary e outro com Terreiro Maria Padilha. Para padre Jorge, o que importa é fazer o bem, sem criar divisões. Para ele, as pessoas devem ficar onde estão, pois se deus a pôs lá, é lá que ela deve ficar! A função da religião é servir o ser humano. E sobretudo: para padre Jorge, não importa o que você faz dentro de quatro paredes! Quem é ele pra julgar?

E o “ministério de música” de Padre Jorge? É tão bom – um repertório bem acolhedor, sentimental mesmo, que certamente levará a nova “família” – marido canastrão e rabo de saia- às lágrimas da ternura e do esquecimento de si, fazendo experimentar o deus concreto e pé-no-chão, que não liga para leis e códigos abstratos de conduta.

Para padre Jorge, tudo é uma grande dialética de precariedades, nada é definitivo. A síntese se dá pelo confronto dos opostos. Ele pensa assim, desde que sua opinião prevaleça sempre. Para ele, não podemos engessar a realidade. Nós devemos estar atentos aos sinais dos tempos, como dizia São João XXIII, o papa bom.

Padre Jorge é o homem mais acolhedor do mundo. Dizem que um amigo seu escreve suas homilias. Esse amigo tem até um livro sobre a terapia do toque e do beijo.

Tente contrariar Padre Jorge.

Fonte|: https://fratresinunum.com/2017/01/10/a-concretude-da-igreja-de-padre-jorge/




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