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19/10/2016
“Se a Europa perder as raízes, será invadida por outros que imporão os seus valores”

“Se a Europa perder as raízes, será invadida por outros que imporão os seus valores”

18 out, 2016 - 20:04

O cardeal Robert Sarah, da Guiné Conacri, agradece à Europa a fé que levou à sua família, mas chama atenção para a crise identitária a que se assiste atualmente no Ocidente.

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Uma Europa à beira do precipício devido ao abandono de Deus e dos valores cristãos. É deste modo que o cardeal Robert Sarah, o prefeito da Congregação para o Culto Divino e Sacramentos, olha para os tempos que correm no velho continente.

O cardeal africano, que nasceu numa aldeia remota da Guiné Conacri, preocupa-se com a recusa de Deus que se regista, mas não esconde a afeição pela Europa.

“Olho para a Europa com grande reconhecimento. Porque, se hoje estou aqui, é graças a vós, que me deram a conhecer Cristo e o Evangelho. Por outro lado, também vos olho com alguma decepção e inquietação, porque nos deram o maior tesouro que tinham para dar - o Evangelho, os valores universais -, mas este tesouro hoje, para vós, já não conta. Deram-nos Cristo. Espero que possam reencontrar o que nos deram.”

“Não podemos sobreviver se perdermos as raízes. Se perderem as vossas raízes, serão invadidos por outros povos que virão impor os seus valores, a sua cultura e a sua religião. Fico triste ao saber que, hoje, em certas cidades da Holanda, já há mais mesquitas do que igrejas”, aponta.

Robert Sarah nasceu numa família que tinha sido evangelizada pelos missionários espiritanos. Começou por ser acólito e, quando foi convidado por um dos missionários a seguir para o seminário, os seus pais reagiram com incredulidade, uma vez que pensavam que só os brancos é que podiam ser sacerdotes.

Aos 35 anos, foi ordenado bispo - um dos mais novos do mundo - e, enquanto responsável pela diocese de Conacri, confrontou de forma destemida o regime marxista e ditatorial de Sékou Touré. Chamado por João Paulo II para Roma, em 2001, tem exercido vários cargos na Cúria romana.

O prefeito da Congregação para o Culto Divino e Sacramentos reconhece que o futuro da fé é inseparável de um encontro pessoal com Deus e usa uma metáfora para explicar que a vida cristã deixou de ser uma realidade sociológica: “A vida cristã é como um cão que persegue uma lebre e corre atrás dela, a ladrar. Outros cães ouvem ladrar e juntam-se, toda a matilha corre atrás da lebre. Após algum tempo, os cães que não vêem a lebre interrogam-se ‘Para onde vamos? Porque estamos a correr?’ E param. Pelo contrário, os que vêem a lebre, continuam até a apanhar.”

“É o mesmo com a fé. Se não fizermos o esforço de ver Deus com os nossos próprios olhos, acabamos por desistir e desencorajamo-nos porque não sabemos para onde ir. Pelo contrário, se nos alimentarmos com a palavra de Deus e com os sacramentos, aí, encontramos Deus, face a face”, conclui.

Robert Sarah publicou há poucos anos um livro em formato de entrevista, que acaba de ser lançado em Portugal com o título “Deus ou Nada”. Na França, entretanto, publicou recentemente um outro sobre o silêncio de Deus.

“A primeira linguagem de Deus é o silêncio. Ora, o que impede hoje o homem moderno de escutar Deus é estar constantemente mergulhado no barulho. O barulho é como uma droga, já não se passa sem ela, porque traz-lhe uma espécie de segurança. Mas assim, o homem fica sempre fora de si próprio, não tem um único instante para entrar dentro de si, para se descobrir e saber quem é, nem para descobrir Deus presente nele. Porque Deus está dentro de nós, mas nós não queremos o confronto, porque temos medo de nos descobrir vazios por dentro”, diz.

“Mas eu preciso de estar calado. Precisamos todos de silêncio para nos ouvirmos. Todos os dias, olhamo-nos ao espelho; porque é que não gostamos de olhar para dentro de nós? Tenho a certeza que se eu começar o dia a fazer silêncio para encontrar Deus face-a-face, esse dia vai fazer toda a diferença.”

O cardeal Sarah encontra-se em Portugal para proferir uma conferência sobre “A crise de Deus no Ocidente e a missão dos cristãos”, que tem lugar no Auditório Cardeal Medeiros, na Universidade Católica, quarta-feira às 18h30. A entrada é gratuita.

Fonte>http://rr.sapo.pt/noticia/66355 /se_a_europa_perder_as_raizes_sera_invadida_por_outros_que_imporao_os_seus_valores

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